não se deseja que Eduardo Lourenço seja um personagem estereotipado, ainda que o seu pensamento possa povoar simbolicamente o pó do tempo. Pretende-se que a narrativa tenha como ponto de partida S. Pedro do Rio Seco e 1923; que percorra itinerários de liberdade, inconformismo e visão cosmopolita
“Quem vê o seu povo, vê o mundo todo”. Numa peça que pretende ser um tributo a Eduardo Lourenço e ao 25 de Abril, viramos o nosso olhar para S. Pedro, uma terra de ficção povoada por figuras que remetem para um passado comum. Acompanhamos em S. Pedro a história de um povo proibido de sonhar, e de uma rapariga que, vivendo as chagas da brutalidade e da repressão, busca forma de replantar o sonho através da lição retirada de um livro proibido que lhe chegou às mãos de forma inesperada. Não desejando que Eduardo Lourenço surja como personagem estereotipado, o seu pensamento e a sua história de vida povoam simbolicamente o ‘pó do tempo’ desta S. Pedro e dos seus habitantes, cujos itinerários de liberdade e inconformismo, ou de conformação ordeira e obediência vamos acompanhando, à medida que conhecemos os acontecimentos que levaram a que se tornasse uma terra de proibição e recalcamento.
Quando pensávamos na criação de um espetáculo que traduzisse o apego do Trigo Limpo teatro ACERT à celebração dos 50 anos do 25 de Abril, marco histórico que foi berço, embalo e acalento da formação do nosso grupo, surgiu em boa hora o convite do Centro de Estudos Ibéricos e do Teatro Municipal da Guarda para que criássemos um espetáculo que encerrasse o programa do Centenário do nascimento de Eduardo Lourenço. Que melhor se poderia desejar do que ter por companhia um cidadão que nos despertou um sentimento tão profundo quando escreveu “Os portugueses atreveram-se tanto quanto podiam, talvez, e esse atrevimento é aquele que ficará realmente na história de nós”. Esta ideia contém, entre muitas perspetivas, uma interpretação sublime do que representa coletivamente a importância perene do 25 de Abril.
A sua genialidade e singularidade em interrogar-se, interrogando-nos, inspira-nos para nos afastarmos dos lugares-comuns, das frases feitas ou dum repisar evocativo que é demasiado redutor para um olhar de autenticidade sobre um 25 de Abril.
Não fossemos nós portugueses, vamos atrever-nos tanto quanto podemos, desejando que a sinceridade, o prazer e a autenticidade desse atrevimento, seja um tributo a Eduardo Lourenço e ao 25 de Abril para que fique realmente na estória coletiva do Centro de Estudos Ibéricos, do Trigo Limpo teatro ACERT de Tondela, do Teatro Municipal da Guarda e do Teatro Académico de Gil Vicente de Coimbra. — Trigo Limpo teatro ACERT
Data
31, Maio 2024
Horário
21H30
Duração
1h00
Faixa etária
M6
Preço
€7
€5
< 25 anos, estudante, comunidade uc, rede alumni uc, > 65 anos, grupo ≥ 10, desempregado, profissional da cultura, parceria TAGV
Os bilhetes com desconto são pessoais e intransmissíveis e obrigam à identificação na entrada quando solicitada. Os descontos não são acumuláveis
Local TAGV
A partir de Eduardo Lourenço
História Pedro Leitão
Texto e dramaturgia José Rui Martins, Pedro Leitão
Encenação José Rui Martins
Interpretação Elenco Trigo Limpo teatro ACERT, Grupo Coral de Maçainhas – Melo Vox – Coro de Câmara, Atores e atrizes do Distrito da Guarda
Afonso Cortez, Agostinho da Silva, Alcina Rebelo, Ana Couto, Ana Freire da Silva, António Rebelo, Bárbara Oliveira, Carlos Rebelo, Dulce Gomes, Henrique Silva, Ilda Teixeira, Irene Leitão, Jeni Cardona, Joana Sequeira Mendes, João Costa, Madalena Rodrigues, Manuel Tavares, Martim Santos, Mia Henriques, Miguel Coelho, Pedro Leitão, Pedro Sousa, Pompeu José, Rita Santos, Sandra Santos, Tomás Pires
Direção musical Rita Lourenço
Cenografia Rosa Martins
Direção de Montagem Pompeu José, Zé Tavares
Execução de cenografia e adereços Rosa Martins, Fernando Merino
Carpintaria de cena Por Medida
Figurinos Eva Pereira
Assistência de figurinos Sandra Santos
Execução de Figurinos Ecolã
Desenho de luz e som Ricardo Leão
Som Eduardo Martins, Luís Viegas
Comunicação e fotografia Daniel Nunes
Produção Marta Costa, Raquel Costa
Agradecimento António Fonseca e Costa, António Pedro Pita, Ecolã, Filipe Almeida, João Claro, Manuela Cruzeiro, Rui Jacinto, Teatro Aquilo
Promotores associados TMG – Teatro Municipal da Guarda, Centro de Estudos Ibéricos
Participação especial Teatro Académico de Gil Vicente
Espetáculo no âmbito Celebração dos 50 anos do 25 de Abril e Centenário do nascimento de Eduardo Lourenço