O enredo acompanha o dia-a-dia de Souleymane, um imigrante africano que passa os seus dias a trabalhar como estafeta de comida e dorme todas as noites em centros de apoio a sem-abrigos. Esta simples premissa seria o suficiente para contar uma história muito presente no nosso quotidiano, mas Lojkine eleva a fasquia ao ilustrar as tensões e dificuldades subjacentes à entrevista que decidirá a legalização do estatuto de imigrante do protagonista.

Boris Lojkine (1969) começou a sua carreira profissional a ensinar filosofia na Universidade de Aix-Marselha. Depois de completar o seu doutoramento, decidiu deixar a academia e o ensino e mudou-se para o Vietname, onde vivera anteriormente. Esta mudança motivou o tema dos seus primeiros filmes, documentários que representam a destruição que a guerra causara nas vidas dos cidadãos vietnamitas. Adicionalmente, a sua filmografia foca-se na imigração e nas dificuldades que os refugiados enfrentam no seu dia-a-dia. Em 2014, realizou a sua primeira ficção, Hope, que foi apresentada na Semana da Crítica do Festival de Cannes. Os seus filmes têm sido reconhecidos e galardoados por diversos festivais internacionais, incluindo o seu último filme, L’histoire de Souleymane (2024), estreou-se na secção Un Certain Regard do Festival de Cannes, onde venceu o Prémio do Júri e o Prémio de Melhor Performance (Abou Sangare).