
obra filmada com várias câmaras simultâneas, inteiramente improvisada no decurso das filmagens, sem qualquer diálogo nem découpage prévios, “correndo ao sabor das circunstâncias da rodagem e do humor dos intérpretes
Adieu Philippine, filme apaixonadamente defendido e apaixonadamente atacado, foi, assim, o início premonitório de uma carreira “maldita” e de uma carreira “marginal”. Obra filmada com várias câmaras simultâneas, inteiramente improvisada no decurso das filmagens, sem qualquer diálogo nem découpage prévios, “correndo ao sabor das circunstâncias da rodagem e do humor dos intérpretes” (todos não profissionais e ilustres desconhecidos), montado a trouxe-mouxe, Adieu Philippine é um dos filmes mais livres que a famosa “vaga” nos deu. É também o que mais próximo estará do tão invocado Jean Vigo, admiração maior de Rozier e de quem o realizador herdou a amargura, o sentido do efémero e o mesmo ambíguo “trocar de passo” com o realismo, de que o filme sempre se aproxima e de que sempre se afasta.
— Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema
Paris, 1960. Michel, um jovem operador de câmara, envolve-se com duas melhores amigas, Liliane e Juliette, ambas jovens atrizes. Quando Michel é convocado para a Guerra da Argélia, despede-se e viaja para a Córsega para aproveitar o tempo que lhe resta. Liliane e Juliette seguem-no e desenvolve-se um jogo de sedução, cumplicidade e rivalidade. A primeira longa-metragem de Jacques Rozier é um dos filmes mais originais e livres da Nouvelle Vague. Uma obra ímpar de ruptura (uma das primeiras a abordar a Guerra da Argélia), cheia de charme e ousadia, que irradia uma energia jovem inigualável.
—Medeia Filmes
A seguir aos estudos no IDHEC e depois de ter trabalhado como assistente de Renoir, o mais admirado porque o mais livre para uma nova geração que despontava no cinema francês, Jacques Rozier (1926-2023) realizou duas curtas na segunda metade dos anos 50, e Godard escreveu sobre ele maravilhas. Falava na “lucidez da sua improvisação”, de um cinema “jovem e belo, como os corpos de vinte anos de que falava Rimbaud”. Seguiram-se os maiores elogios de toda a equipa dos Cahiers da altura, e foi também Godard que o apresentou a Georges de Beauregard, que viria a produzir a sua primeira longa, Adeus Philippine. Mas Rozier vivia e criava com uma ‘liberdade livre’ [“o cinema é uma questão de risco e desejo, como o amor”, dizia] e as coisas não foram fáceis durante a produção. O filme, uma obra admirável, “o mais Nouvelle Vague dos filmes Nouvelle Vague”, como se escreveu, só veria a luz em 1962, depois da estreia das primeiras longas de Truffaut e Godard. E aí começava uma das obras mais singulares, mais livres e geniais do cinema francês. Rozier deixou-nos uma mão cheia de longas e várias curtas para o cinema e uma dezena de trabalhos notáveis para televisão. Paulo Branco produziu-lhe um dos seus melhores filmes de entre os melhores, Maine Océan, com fotografia de Acácio de Almeida, que o jornal Le Monde colocou na lista dos 50 melhores filmes franceses de sempre.
Foi um outsider (como o foram Eustache e Pialat) e os seus filmes nunca tiveram estreia comercial em Portugal, uma lacuna que é agora finalmente reparada.
Esta obra de uma enorme frescura, que celebra a vida e, simultaneamente, a sua fragilidade, o desejo, a relação com a natureza, uma errância despreocupada, quase como arte poética, que ambicionava conciliar a arte moderna e a arte popular, com personagens de várias está agora a ser recuperada e a conquistar um cada vez maior número de espectadores. É também uma obra que celebra o Verão e esta é a melhor altura para mergulhar nesta experiência poética e libertária. Para irmos com Rozier à la plage.
Data
07, Julho 2025
Horário
21H30
Duração
1h51
Faixa etária
M12
Preço
€6
€4
< de 25 anos, estudante, comunidade uc, rede alumni uc, > 65 anos, grupo ≥ 10, desempregado, profissional do espetáculo, parcerias TAGV
Os bilhetes com desconto são pessoais e intransmissíveis e obrigam à identificação na entrada quando solicitada. Os descontos não são acumuláveis
Bilheteira / atendimento presencial
segunda a sexta-feira 17h00 — 20h00
em dias de eventos 1 hora antes / até meia hora depois
encerrada aos sábados, domingos e feriados
Local TAGV
Origem França, Itália, 1962
Com Jean-Claude Aimini, Stefania Sabatini, Yveline Céry, Daniel Descamps
Festival de Cannes 1962 Semana da Crítica
Cópia digital restaurada
Ciclo Jacques Rozier