Passada na cidade fictícia de Big Bone (Oregon) “antes do Windows ‘95”, As Secretárias, do coletivo norte-americano feminista The Five Lesbian Brothers, conta a história de cinco mulheres que asseguram o trabalho administrativo numa grande fábrica de madeira (Cooney Lumber Mill). Confinadas a um escritório estéril e a um emprego que tem como principal função perpetuar o lucro do dono da empresa e alimentar os fetiches machistas dos funcionários, as mulheres criam um culto secreto que tem como suposta missão a reparação das injustiças de género na empresa, através do massacre mensal de um lenhador, na primeira noite das suas menstruações sincronizadas.
Estreado em 1993 no mítico WOW Café, em Nova Iorque, The Secretaries marcou a vanguarda teatral americana na década de 1990. Três décadas depois, o texto recebe a sua estreia nos palcos portugueses, num espetáculo claustrofóbico que recupera a estética dos slashers e da ficção televisiva dos anos 80 e 90, propondo um estudo rigoroso e desconfortável sobre a infiltração insidiosa do patriarcado no universo profissional, político e interpessoal das mulheres.

Maria Inês Marques (Porto, 1990) é dramaturga, encenadora e programadora. Doutorou-se em dramaturgia pela Yale School of Drama. Em 2020, cofundou o coletivo artístico UMA, no qual desenvolve o seu trabalho de criação para teatro, performance e instalação, com destaque para HOLOBIONTE (2022) e PILOTO (2023). Em 2023, cocriou o espetáculo de realidade virtual BERTIE. Foi curadora da plataforma online FITEI Digital entre 2022 e 2024. Atualmente, é programadora de artes performativas no Theatro Circo, em Braga.