A Criação Acidental

Por Claudio Tolcachir

A criação acidental, por Claudio Tolcachir Com este workshop, desejo ajudar cada aluno a descobrir zonas não transitadas da sua natureza, acompanhá-lo a explorar uma criatividade flexível e delicada, e fazermos juntos um caminho no vazio, que nos permita construir, sem recorrer às estruturas preconcebidas daquilo que já conhecemos.
Um humilde e profundo trabalho de liberdade, observação, criação e comunicação, numa dinâmica de grupo.
Acredito que a tarefa de um professor não é a de ensinar os outros a representar, mas ajudar cada aluno a dar à luz o ator que nele habita e que possivelmente ainda não conhece.
A natureza do que somos, do que trazemos, imperfeita, acidental, cheia de humanidade, é muitas vezes deixada de fora do nosso trabalho de ator. E esse material absolutamente pessoal é o que me interessa.
Acredito num teatro que vibre, latente, perigoso. Onde o mais importante não aflora à superfície. A construção de um esqueleto de segredos, desejos reprimidos, pensamentos contraditórios, a nossa humanidade vulnerável à flor da pele e as forças que nos atravessam e habitam no nosso comportamento físico fazem com que possamos construir outro texto por debaixo do texto, outra rede de comunicação para além das palavras e das ações.
Esse mistério que nos prende como espectadores e gera a necessidade de saber cada vez mais.
E nessa imersão, descobrirmo-nos a nós mesmos. Claudio Tolcachir

Claudio Tolcachir ator, encenador, professor e dramaturgo. Nasceu em Buenos Aires, em maio de 1975. Como ator, participou em mais de trinta peças, dirigido por Daniel Veronese, Norma Aleandro, Carlos Gandolfo e Roberto Villanueva, entre outros. Como encenador, em 1998, fundou juntamente com a sua equipa a companhia Timbre 4, com a qual levou a palco Chau Misterix, de Mauricio Kartún; Euridice, de Jean Anouilh; Jamón del diablo, sobre textos de Roberto Arlt; Lisístrata, de Aristófanes e La Omisión de la Familia Coleman, Tercer Cuerpo,El Viento en un Violín, Emilia (também apresentada em Espanha e Itália), Dinamo e Próximo, peças estas da sua autoria. Dirigiu ainda Atendiendo al Sr. Sloane, de Joe Orton; Agosto, de Tracy Letts; Todos Eran mis Hijos, de Arthur Miller (peça criada em Buenos Aires e também apresentada no Teatro Español de Madrid); Tribus, de Nina Raines; Ay amor divino, de Mercedes Moran; La Chica del Adiós, de Neil Simon, e ainda os musicais Sunset Boulevard e Cabaret. Em Espanha, Tolcachir também dirigiu Tierra del fuego de Mario Diament; La verdad de Florean Zeller e Copenhague por Michael Frayn.
Pelos seus trabalhos, recebeu os prémios ACE, Clarín, María Guerrero, Teatros del Mundo, Teatro XXI e foi nomeado ao prémio Konex como um dos melhores encenadores da década. Em Espanha, recebeu o prémio Ercilla e foi nomeado nos Max e, em Itália, recebeu o prémio Ubu pela sua versão de Emilia.
As suas obras foram já apresentadas em mais de vinte países e foram traduzidas para seis idiomas. Desde 2001, dirige, juntamente com a sua equipa, o espaço cultural TIMBRE 4. Como professor, já deu formação em Itália (por duas vezes na Bienal de Veneza), França, Espanha, Chile, Brasil, Uruguai, Peru e Estados Unidos.

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