Hugo Inácio (Amadora, 1991) licenciado em Teatro e Educação, complementou a sua formação em workshops de teatro físico em Veneza, Berlim e Madrid. Na sua atividade como docente, leciona no Curso Profissional de Intérprete Ator/Atriz, em Coimbra. Como ator trabalhou com António Fonseca, António Mercado, Fabrizio Paladin, Ricardo Correia, Gonçalo Amorim, Sónia Barbosa, Mário Montenegro, Marco António Rodrigues e Igor Lebreaud. Como criador destaca os espetáculos Caminho Marítimo Para a Desgraça, estreado no Teatrão, sobre o lado mais sombrio e tragicómico dos descobrimento”, I.L.H.A, espetáculo físico, sobre a crescente polarização de opiniões. Criou o projeto Teatro nos Olivais, vencedor no âmbito da 3.ª edição do Orçamento Participativo de Coimbra que deu origem ao espetáculo Os Gigantes da Montanha, de Pirandello, que dirigiu com Telmo Ferreira. Como encenador destaca O Inspetor Geral, de Nikolai Gogol com produção do TEUC Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra, espetáculo vencedor do prémio público da 26.°edição do ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior.

O texto proposto, Rei Ubu de Alfred Jarry, é um grito à imaginação que trespassa o manto do real e entra acutilante nos nossos desejos mais profundos, proibidos e subversivos que se vão alojando confortavelmente num canto escondido do corpo. É como um jogo de crianças. Elas criam um espaço alternativo com regras específicas que as transportam para uma realidade alternativa, e onde podem ser livres de fugir de um verdadeiro urso que as quer devorar, ou de transformarem a sala num grande aquário onde habitam como peixes que nadam de barriga para o ar. As leis da física, da moral, da religião, do género e da política não estão a salvo. O corpo permite-se entrar numa bolha onde tudo é permitido e onde o erro é ouro!  Ler Rei Ubu, nos dias de correm, poderá ser, para além de uma revisitação a um autor marcante para os caminhos modernos do teatro, um dos meios de dar espaço à imaginação e ao jogo para que atuem no corpo com aquilo que têm de mais revolucionário: a luta contra a alienação e o mercado da personalidade.

Alfred Jarry (1873-1907), cientista das soluções imaginárias, e, portanto, Patafísico, revoluciona o teatro, matando-o. Isto é, desfaz-se de todo e qualquer truque ilusionista e regressa a um teatro cru com placas indicativas como no teatro isabelino. Não se trata de um regresso nostálgico ao passado, mas antes de uma explosão da cena rumo a um teatro que, a partir deste momento, se ousa mostrar nu e como um espaço de jogo que lembra sistematicamente o espetador de que está a participar num espetáculo de teatro.

O Clube de Leitura Teatral é um projeto conjunto do Teatro Académico de Gil Vicente e A Escola da Noite que tem como objetivo a divulgação, o conhecimento e a promoção da dramaturgia.