Eles vêm do Paquistão, do Afeganistão, da Somália, da Eritreia, da Síria, do Iraque, da Líbia, do Mali, da Argélia, de Marrocos, do Haiti e de muitos outros lugares onde a vida deixou de ser compatível com a ideia de futuro. São milhões. Quantos milhões? Não se sabe. Chamam-lhes “migrantes” e têm uma única coisa na cabeça: a vontade de chegar à Europa. — Matéi Visniec

Matéi Visniec (Roménia, 1956) acredita, sobretudo, que o teatro e a poesia podem denunciar a manipulação das pessoas através das “grandes ideias”. A partir de 1977 começa a escrever também peças de teatro que circulam amplamente no meio literário, mas cuja montagem continua proibida. Sendo considerado um autor proibido, Visniec deixa a Roménia em setembro de 1987, chega a França, requer asilo político e começa a escrever peças de teatro em francês. Neste momento, Matéi Visniec conta com numerosas criações em França. Cerca de trinta peças escritas em francês encontram-se editadas (Lansman, Actes Sud-Papiers, L’Harmattan, Espace d’un Instant, Non Lieu). Foi representado em cerca de três dezenas de países, nomeadamente em Itália (Teatro Piccolo de Milão), Grã-Bretanha (Teatro Young Vic de Londres), Polónia (Teatro Stary de Cracóvia), Turquia (Teatro Nacional de Istambul), Suécia (Teatro Real de Estocolmo), Alemanha (Teatro Maxim Gorkide Berlim), Israel (Teatro Karov de Telavive), Estados Unidos (Open Fist Theatre Company de Hollywood), Canadá (Teatro Prospero em Montreal), Japão (Teatro Kaze de Tóquio).  Matéi Visniec tornou-se, a partir de 1992, num dos autores mais representados no Festival d’Avignon (off), com cerca de quarenta criações. Em Paris as suas peças foram levadas à cena no Théâtre du Rond Point, no Studio des Champs Elysées, no Théâtre de l’Est Parisien, no Cine 13 Théâtre, no Théâtre International de Langue Française (atualmente Le Tarmac), no Théâtre 13, no Théâtre du Guichet Montparnasse, no Théâtre de l’Opprimé. Na Roménia, a seguir à queda do comunismo, Matéi Visniec tornou-se no autor dramático mais representado. É também autor de seis romances escritos em romeno, três dos quais se encontram traduzidos e publicados em francês.

Rodrigo Francisco estreou-se na escrita para teatro com Quarto minguante (2007), que teria uma versão televisiva na RTP e duas traduções em Espanha, pela revista Primer Acto, e em França, pelas Éditions l’Oeil du Prince. Escreveu ainda Tuning (2010), nomeada pela SPA para o Prémio de Melhor Peça Portuguesa e editada em França em 2016. Em 2018 escreveu e dirigiu Fenda, publicada em Espanha na revista ADE, e em 2021 Um gajo nunca mais é a mesma coisa. Em julho de 2023 estreou, no Festival de Almada, a comédia Calvário. Na encenação, fez a sua formação com Joaquim Benite, de quem foi assistente a partir de 2006 e a quem sucedeu, no final de 2012, na direção artística da Companhia de Teatro de Almada, função que mantém atualmente. Encenou textos de Almeida Garrett, Arthur Schnitzler, David Mamet, Ödon von Horváth, Ernest Hemingway, Vsevolod Vichniesvki, Romeu Correia, Matéi Visniec, Gothold Lessing, Marius von Mayenburg e Ferenc Molnar. Em 2023 dirigiu Além da dor, de Alexander Zeldin, peça nomeada para um Globo de Ouro na categoria de Melhor Espectáculo.

O Clube de Leitura Teatral é um projeto conjunto do Teatro Académico de Gil Vicente e A Escola da Noite que tem como objetivo a divulgação, o conhecimento e a promoção da dramaturgia.