Jeanne apresenta-se como alguém que joga com o desejo, que o domina, que se deixa levar por ele, e que depois o refreia. (Éric Rohmer)
Jeanne tem chaves de dois apartamentos mas vive com a sensação de não ter lugar nenhum onde dormir. Natacha não quer senão partilhar o seu apartamento parisiense que o seu pai, Igor, pouco utiliza. As duas mulheres conhecem-se numa noite em que se sentem ambas deslocadas.
E, no espaço de poucos dias, tornam-se inseparáveis. Natacha, que detesta a namorada do seu pai, veria com bons olhos que Jeanne e Igor se envolvessem.
Os Contos das Quatro Estações — Cópias Digitais Restauradas
Profundamente ancorados nos anos 1990, mesmo que se adivinhe a influência capital de La Bruyère, os Contos das Quatro Estações (1990-1998: “Conto de Primavera”, “Conto de Inverno”, “Conto de Verão”, “Conto de Outono” preservam o charme fora de moda e inimitável dos diálogos do cinema de Éric Rohmer, que continua a defender aqui a utilização do som direto.
A utilização parcimoniosa da música, geralmente composta por Jean-Luis Valero, fica enriquecida com a aparição, no genérico, do compositor Sébastien Erms, outro heterónimo do autor, em fusão com o nome de Mary Stephen, que também participa na composição. Este último ciclo, centrado naquilo que faz e desfaz os laços entre as pessoas, ressoa com o conjunto da obra e ilumina-o: os sincronismos, os encontros capitais, as cumplicidades espontâneas, o amor à primeira vista. O espectador é atraído pelo jogo de palavras de personagens complexas que mentem, ou se mentem a si próprias, contradizendo-se constantemente. Há duas personagens muito fortes, que se destacam: Melville Poupoud no Verão, interpretando um jovem com um magnetismo sedutor que se deixa conduzir pelo acaso, e Charlotte Véry, uma das personagens mais grandiosas de todo o panteão rohmeriano, a exasperante sedutora do Inverno que faz a aposta absoluta do amor.
Gabriela Trujillo, Cinémathèque Française
Rohmer gosta de variantes subtis no interior de um padrão vagamente predeterminado e é precisamente por isso que faz filmes em série. No interior dos Contos das Quatro Estações, o “Conto de Primavera” ecoa de certa maneira o “Conto de Verão”. Aqui, como no “Conto de Verão”, um homem às voltas com três mulheres, mas trata-se de um adulto e não de um adolescente e a situação não é passageira, de férias. E tudo se situa com a perfeição e o rigor que são a marca do cinema de Rohmer, profundamente enraizadas nas tradições do teatro clássico francês. O filme é como uma “partitura musical, cujos movimentos se sucedem com a mesma precisão geométrica com a que os personagens são dispostos no argumento”. (Giancarlo Zappoli).
Cinemateca Portuguesa
Os Contos das Quatro Estações:
Conto de Primavera, Conto de Inverno, Conto de Verão, Conto de Outono
Data
02, Maio 2022
Horário
18H00
Duração
1h48
Faixa etária
M12
Preço
€5
€3,5
descontos TAGV
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estudante
comunidade uc
rede alumni uc
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grupo ≥ 10
desempregado
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Local auditório TAGV
com Anne Teyssèdre, Hugues Quester, Florence Darel
origem França, 1990
Festival de Berlim 1990 Seleção Oficial Fora de Competição
cópia digital restaurada
ciclo Éric Rohmer ou o Génio do Moderno Cinema Francês — 3º Capítulo. Os Contos das Quatro Estações
estreia e exibição em exclusivo, em Coimbra, no TAGV