Uma história de amor e enganos, num cenário marcado pela ação da polícia política da ditadura salazarista, a censura, as perseguições e as prisões, e a revolta estudantil do início dos anos 1960.  O último argumento de António-Pedro Vasconcelos, adaptado da última obra de José Cardoso Pires.

Federico Fellini (1920) desde pequeno, gostava de desenhar caricaturas e encenar espetáculos com fantoches, nutrindo uma paixão especial pelo circo. Chegou a Roma em 1939 para estudar Direito, apenas para agradar aos pais, mas nunca frequentou as aulas. Acabou por trabalhar na revista de humor Marc’Aurelio, onde conheceu vários escritores e argumentistas. Também escreveu para a rádio, onde conheceu a futura esposa, Giulietta Masina, em 1942. Após a libertação de Roma, colaborou com Roberto Rossellini, importante nome do neo-realismo italiano. Co-realizou o seu primeiro filme em 1950, Luzes da Ribalta, e estreou-se como realizador com O Sheik Branco (1952). Nos anos seguintes, realizou filmes marcantes como Os Inúteis (1953), A Estrada (1954) e As Noites da Cabíria (1957) — estes dois últimos vencedores do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Em 1960, lançou A Doce Vida, grande sucesso internacional e vencedor da Palma de Ouro em Cannes. Influenciado pelas ideias de Carl Jung, desenvolveu um estilo onírico e barroco, visível em obras como Fellini 8½ (1963), Julieta dos Espíritos (1965), Fellini Satyricon (1969), Roma (1972) e Amarcord (1973), também vencedor do Óscar.
Foi reconhecido como um dos maiores realizadores da história do cinema, criou um universo poético e inconfundível, marcado pelo sonho, pela memória e por um olhar único sobre a condição humana — um estilo tão próprio que deu origem ao adjetivo “felliniano”.