Estela Alexandre descobriu o universo da composição durante a sua licenciatura em piano jazz, momento em que começou a escrever para orquestra temas originais e arranjos. Dessa experiência nasceu a vontade de criar a sua própria orquestra, reunindo músicos de diferentes gerações e de todo o país. O projeto culminou na gravação do primeiro disco da artista, em setembro de 2024, com lançamento previsto para a primavera de 2025, um trabalho de carácter documental que reúne registos captados desde 2020 até à gravação final com a orquestra.

Cada elemento da Estela Alexandre Orquestra foi escolhido não apenas pela excelência técnica, mas também pela personalidade, privilegiando-se a ligação entre músicos como condição essencial para gerar uma criação autêntica e emocionalmente intensa. O resultado é uma proposta sonora de natureza cinematográfica, concebida para estabelecer uma relação direta com o público, conduzindo-o por uma viagem imersiva e emotiva, como se de uma banda sonora se tratasse.

A música de Estela Alexandre é marcada por múltiplas influências, desde a celebração da música portuguesa até ao fascínio por bandas sonoras, passando ainda pela inspiração na Natureza, elemento que viria a dar origem ao título do disco. Durante o confinamento de 2020, na sua terra natal, em Cortes – Leiria, a compositora redescobriu na Natureza uma fonte de inspiração essencial. Essa experiência de introspeção, contraste entre a imensidão natural e as vivências intensas do percurso académico e profissional em Lisboa, refletiu-se de forma decisiva na escrita do álbum Cantomilo, homenagem ao lugar onde a sua expressão criativa floresceu.

Os temas revelam paisagens, património e recantos do distrito de Leiria, transpostos para uma linguagem musical que sublinha a sua beleza e esplendor, invocando uma sensação de paz e reencontro.

Este concerto no Festival Jazz ao Centro marca a apresentação pública de um projeto artístico singular, onde a força coletiva da orquestra dá vida a uma música de grande densidade emocional e imagética, convidando o público a descobrir Cantomilo como quem percorre um território íntimo, natural e cinematográfico.