
esta obra pretende recuperar as colaborações entre Manoel Barbosa e o Telectu (Jorge Lima Barreto e Vitor Rua), aproveitando uma (bastante óbvia) sintonia entre os movimentos do performer e a música desenvolvida — notada nas palavras do próprio Jorge Lima Barreto ao descrever Manoel Barbosa
Há nas várias formas de expressão artÃstica um apelo primário aos nossos sentidos. As cores, as expressões, os gestos — no fundo, a luz que reflete no objeto artÃstico e nos invade as córneas é o rastilho para os movimentos sinápticos da interpretação, do prazer e da dor, do conforto e do terror. Este apelo à sensibilidade humana é inevitavelmente multissensorial; mergulhados no fundo do ar não temos como fugir à sensação na pele, nos tÃmpanos, no fundo das fossas nasais. A forma de expressão pode preencher várias dimensões assumindo-se assim como expressão transdisciplinar, mas será também traduzÃvel nas várias disciplinas-linguagens-dimensões com que o artista comunica atingindo leituras sinestésicas.
Estas formas de expressão hÃbridas são caracterizadoras de uma geração de artistas portugueses que se destacaram pelo seu vanguardismo e experimentalismo e que encontraram em Jorge Lima Barreto as dimensões sónicas para as suas criações. Ou vice-versa, a criação de som para os olhos e de imagem e movimento para os ouvidos são carregados de propósitos, mas também de consequências — um equilÃbrio entre o que se é e o que se representa. Uma partitura representa uma ideia musical, mas é um objeto com valor plástico e semiótico que pode ser consumido em silêncio.
A ideia da notação como objeto artÃstico estimula a curiosidade sobre as mirÃades de possibilidades mutacionais, razão da produção desta série de expressões caleidoscópicas em torno de Jorge Lima Barreto, como aparelho ótico metaforizado a partir do qual se desenvolvem diferentes representações artÃsticas hÃbridas.
VLOORXM é a resposta de Manoel Barbosa a esta proposta, uma performance-composição que codifica, na fisicalidade dos movimentos, sugestões para o preenchimento das dimensões sónicas — Manoel Barbosa e Vânia Rovisco são música corporizada, enclausurada nos movimentos permitidos à carne libertada no palco. Nuno Veiga assume a figura do intérprete dos movimentos dos corpos-partituras, responsável pela recuperação para a dimensão sónica da música codificada nos performers.
Esta obra pretende recuperar as colaborações entre Manoel Barbosa e o Telectu (Jorge Lima Barreto e Vitor Rua), aproveitando uma (bastante óbvia) sintonia entre os movimentos do performer e a música desenvolvida — notada nas palavras do próprio Jorge Lima Barreto ao descrever Manoel Barbosa: (…) corpos que se moviam em ritmos simétricos, violentamente executados; insinuantes volumes, sombras que se relacionavam na magia contrapontÃstica dos movimentos luminosos, figuras perfeitas que investiam num acabamento que só nos músicos podemos observar quando delineiam uma melodia cyberpunk (…)
Mas reclama sobretudo a celebração destes recursos criativos transdisciplinares experimentados por Manoel Barbosa, acompanhado por uma nova geração no corpo-movimento de Vânia Rovisco e nas dimensões sónicas de Nuno Veiga, no ritual das criações artÃsticas exposto aos sentidos do público.
Data
14, Junho 2025
Horário
21H30
Duração
1h10
Faixa etária
M12
Preço
entrada gratuita
Bilheteira /Â atendimento presencial
segunda a sexta-feira 17h00 — 20h00
em dias de eventos 1 hora antes / até meia hora depois
encerrada aos sábados, domingos e feriados
Local TAGV
Criação e encenação Manoel Barbosa
Performers Manoel Barbosa, Vânia Rovisco
Arquitectura e interpretações sónicas Nuno Veiga
Voz direta e cenário Manoel Barbosa
Conceito André Quaresma
Produção André Quaresma, Rita Barqueiro