LABIA - parte do corpo que se parece com um lábio; tentativa de convencer alguém através de discurso astucioso, palavreado, manha, astúcia; (Portugal:Minho) Relicário; Inseto ortóptero corredor; conjunto formado pelos pequenos e grandes lábios da vulva
LABIA é um projeto em contínua investigação a partir da afirmação de Monique Wittig “As lésbicas não são mulheres” e nos múltiplos caminhos que se seguiram após, como as questões de performatividade de género e a desconstrução total da ideia de que sexo é meramente biológico por Judith Butler ou outras pensadoras e pensadores como Paul B. Preciado, que analisam e questionam as normas políticas e as atuais estruturas sociais, culturais e sexuais.
Para Wittig, as lésbicas, mesmo estando dentro da heterossexualidade como regime político não participam deste. Não têm uma relação amorosa com homens, não têm sexo com homens, não dependem de homens economicamente, nem produzem um vínculo com estes. De outro modo, as lésbicas de Wittig não são cis porque não são mulheres, são desertoras. Amazonas, monstras mitológicas que sobrevivem na memória dos nossos corpos até hoje. Essas mesmas monstras ameaçam as heteronormas de reconhecimento que as excluíram, pondo em causa a estabilidade, questionando a tranquilidade do estatuto humano, denunciando a pureza e a impureza de todo o corpo, rompem o binário, violam a regularidade, o pudor, fazem política com o seu corpo, destruindo as normas morais, expressando as suas formas de vida como resistência. Desestabilizam, sacodem, transtornam, mobilizam, afetam, contaminam e agitam as águas, fazendo com que outras vidas sejam possíveis de serem vividas – mais fortes, mais alegres, mais potentes – no aqui e agora. — Joana Castro
Joana Castro desenvolve o seu trabalho entre a dança, a performance e o som, apresentando as suas obras em Portugal, Bélgica, França e Alemanha. Como performer colaborou com Né Barros, Joclécio Azevedo, Carlota Lagido, Victor Hugo Pontes, Ana Borralho e João Galante, Flávio Rodrigues, Joana Providência, Mariana Tengner Barros, entre outros. Em 2012 representa Portugal nos encontros Les Repérages/Danse à Lille e com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian integra a residência coreográfica Correios em Movimento/Dança em Trânsito no Rio de Janeiro.
Futuros e Assombrações é um ciclo de performance arte inspirado no espetáculo Manifestos Para Depois do Fim do Mundo, um espectáculo d’Os Possessos, que tem como ponto de partida a investigação, tradução e interpretação de manifestos políticos escritos depois de 2000.
Estes textos, de um modo geral, ao mesmo tempo que nos apontam vários caminhos possíveis, são assombrados pela ideia de que o futuro, tal como o imaginámos foi cancelado, e que mesmo que o possamos ver a desenhar-se ao longe, não o vemos ainda.
Durante três dias as artistas Elizabete Francisca, Joana Castro e a companhia de teatro Os Possessos ocupam diferentes espaços do TAGV com intervenções artísticas que reflitam sobre o futuro, desdobrando temáticas fundamentais abordadas nestes manifestos, como a igualdade de género, a descolonização da arte e do pensamento, as políticas do cuidado, e a luta por melhores políticas sociais.
Ciclo Futuros e Assombrações — Programa
Data
02, Novembro 2023
Horário
18H30
Duração
1h00 (aprox.)
Faixa etária
M12 a confirmar
Preço
entrada gratuita
Local TAGV
Conceção, direção artística, performance, texto, voz Joana Castro
Paisagem sonora Kali
Desenho de luz, espaço cénico Vera Martins
Residência artística no Teatro Académico de Gil Vicente
Abertura de portas de projeto de investigação LABIA
Apresentação seguida de uma conversa com a artista
Curadoria Ciclo Futuros e Assombrações Isabel Costa, Fernando Matos Oliveira
Uma produção Teatro Académico de Gil Vicente
Ciclo integrado Laboratório LIPA