é na qualidade de coordenador do Laboratório de Escrita para Teatro, do Teatro Nacional D. Maria II, que Rui Pina Coelho é o convidado do Clube de Leitura Teatral
Pensar o texto para teatro, hoje, assemelha-se muito, creio, àquele momento em que conduzimos numa qualquer estrada e passamos por um carro abandonado que terá tido um qualquer acidente: a carroceria ardeu, já foi vandalizado, levaram-lhe o motor, roubaram-lhe os pneus, já não tem volante – mas, contudo, quando passamos por ele, na estrada, alguém exclama: “Ena, viste aquele carro?”. Aquele “carro”! Para todos os efeitos, ainda é um carro, mesmo que não tenha volante, rodas, motor, assentos… mesmo que não ande e, em suma, não tenha nenhuma das tradicionais características que habitualmente definem um “carro”. Assim está, creio, a escrita para teatro: está na berma da estrada, a carroceria ardeu, já foi vandalizada, levaram-lhe o motor, roubaram-lhe os pneus, já não tem volante – mas, contudo, ainda é “para teatro”. Mesmo sem nenhuma das tradicionais características que habitualmente a foram definindo. E, por isso mesmo, nada é realmente importante se não for verdadeiro.
De outubro de 2015 a julho de 2019, no Laboratório de Escrita para Teatro do Teatro Nacional D. Maria II/ TNDMII, foram escritas 23 peças. Todas diferentes, claro, e todas a responderem às demandas dos seus autores. E, no processo, foi-se percebendo que, sem verdade, sem urgência íntima, não há malabarismo nem habilidade técnica que nos salve. O mundo está cheio de coisas bem feitas. É preciso que haja mais coisas honestas.
É na qualidade de coordenador do Laboratório de Escrita para Teatro, do Teatro Nacional D. Maria II, que Rui Pina Coelho é o convidado do Clube de Leitura Teatral. Professor e investigador, dirige a Sinais de Cena – Revista de Estudos de Teatro e Artes Performativas. Entre vários textos publicados, coordena o volume Teatro Contemporâneo Português: Experimentalismo, Política e Utopia (título provisório), (TNDMII/Bicho do Mato, 2017). Como autor, dramaturgista ou tradutor colaborou com Trimagisto – Cooperativa de Experimentação Teatral, Teatro o Bando, TEUC, Teatro dos Aloés, Projecto Ruínas, CENDREV e Mundo Razoável. Desde 2010, colabora regularmente com o TEP – Teatro Experimental do Porto, enquanto dramaturgo e dramaturgista.
O Clube de Leitura Teatral, iniciativa que junta o Teatro Académico de Gil Vicente e A Escola da Noite, acontece mensalmente, com leituras informais dedicadas a textos de um dramaturgo/escritor. O objetivo é a divulgação, o conhecimento e a promoção da dramaturgia.
Data
03, Dezembro 2019
Horário
18H30
Duração
1h30
Faixa etária
todos os públicos
Preço
entrada livre
Local Sala do Carvão — Casa das Caldeiras
Coordenação António Augusto Barros, Fernando Matos Oliveira Coprodução A Escola da Noite, TAGV Iniciativa integrada no LIPA — Laboratório de Investigação e Práticas Artística Inscrições para leitores clube.leitura.teatral@gmail.com