ouvir tudo. Perceber tudo. Ocupar o “lugar do príncipe” que tudo pode, tudo vê, tudo ouve e tudo percebe. Tudo feito para mim. À minha medida. À minha imagem e semelhança. Eu, no centro do mundo, num lugar de privilégio. Mas… e se não houver texto para ouvir?
Assistir a uma bela peça. Surpreender-me com um texto acutilante. Deleitar-me com uma encenação mordaz. Extasiar-me com cenografias engenhosas. Comprazer-me com atores exímios, com vozes claras e poderosas que modelam as personagens. E ver tudo. Ouvir tudo. Perceber tudo. Ocupar o “lugar do príncipe” que tudo pode, tudo vê, tudo ouve e tudo percebe. Tudo feito para mim. À minha medida. À minha imagem e semelhança. Eu, no centro do mundo, num lugar de privilégio. Mas… e se não houver texto para ouvir? Se não houver vozes que nos arrepiem a pele? Se os gestos falarem mais alto que as cordas vocais? Se convidarmos para o centro de cena aquelxs que por e pela norma são colocadxs num cantinho do palco, para não desviar a atenção do virtuosismo que à boca de cena se apresenta?
“Língua” é um espetáculo que utiliza a Língua Gestual Portuguesa como veículo primordial de comunicação e que pretende colocar em causa as relações de poder e de privilégio que estruturam há muito essa coisa chamada teatro. Procuramos o confronto entre modelos de comunicação e linguagem de uma obra teatral, de modo a desimportantizar a língua que ouvimos (xs que a ouvem…) e sublimar outras, numa tentativa de combater o fonocentrismo que perpetua relações de violência, insistindo em obrigar todxs a falar da mesma forma. Dentro e fora do teatro.
Em cena, Língua Gestual Portuguesa e língua portuguesa (falada e escrita) unem-se, num espetáculo verdadeiramente bilingue, que tenta ser uma proposta de reflexão sobre a ideia de língua, questionando possibilidades, limites e identidades. Pelo meio, há um pouco da história dos surdos, replicam-se algumas idiossincrasias do quotidiano das pessoas surdas, bem como especificidades da comunicação em Língua Gestual Portuguesa.
A companhia Estrutura foi fundada em 2009 pelos criadores Cátia Pinheiro e José Nunes e tem desenvolvido a criação e produção de espetáculos de teatro e projetos transdisciplinares, bem como atividades de programação e formação. Desde a sua fundação apresentou os seus espetáculos em colaboração com instituições como o Teatro Municipal do Porto, TNSJ, TNDMII, Centro Cultural Vila Flor, 23 Milhas, FITEI, Festival Temps d’Images, entre outros. O trabalho da Estrutura assenta numa lógica colaborativa, onde são regularmente convidados outros artistas para partilhar a criação dos projetos, como foi o caso de Rogério Nuno Costa, Pedro Zegre Penim, André Godinho, Diogo Bento ou António MV.
Data
15, Janeiro 2022
Horário
21H30
Duração
1h10
Faixa etária
M12
Preço
€7
€5 < 25, estudante, > 65, comunidade UC, rede alumni UC, grupo ≥ 10, desempregado, profissional do espetáculo, parcerias
Bilheteira TAGV 1 hora antes dos espetáculos e 30 minutos antes das sessões de cinema. Encerra 30 minutos após o seu início
acessibilidade espetáculo bilíngue falado em português e em Língua Gestual Portuguesa
+ info bilheteira@tagv.uc.pt
Local auditório TAGV
criação Cátia Pinheiro & José Nunes + Diogo Bento
texto Diogo Bento, José Nunes
versão LGP Joana Cottim
interpretação Ana Lopes, Cláudia Braga, Diogo Bento, Joana Cottim, Tiago Jácome
atriz em vídeo Mariana Magalhães
cenografia Cátia Pinheiro
desenho de luz Daniel Worm d’Assumpção, Pedro Nabais
vídeo Vasco Mendes
desenho de som Vasco Rodrigues
figurinos Jordann Santos
produção executiva Ana Lopes
formação LGP inicial ao elenco Ana Bela Baltazar
LGP nos ensaios e espetáculo Joana Cottim
apoio à cenografia Emanuel Santos, Raúl Constante Pereira
assistência de figurinos Clementina Delgado
assessoria de imprensa Bruno Malveira (The Ugly Duckling Angency)
coprodução Estrutura, Teatro Nacional São João e São Luiz Teatro Municipal
apoio 23 Milhas
entidade financiada por República Portuguesa – Cultura/DGARTES – Direção-Geral das Artes
a Estrutura é uma companhia residente no Teatro Campo Alegre, no âmbito do programa Campo Aberto do Teatro Municipal do Porto
agradecimentos Teatro Municipal do Porto, Teatro Universitário do Porto, Associação de Surdos do Porto, Serviços de tradução e interpretação de Língua Gestual (CTILG), Língua Estrutura
coworking Gaia, Sara Marques Faneca, Pedro M. Santos, Carlos Mota, Paulo Correia, Otília Faro, Ricardo Santos Costa, Joana Nabais
fotografia Ana Lopes