24

Nov,2022

Qui


21H30

DURAÇÃO


1h00

Ver Preços

École des Maîtres

Cão Solteiro & José Maria Vieira Mendes

e eu sinto-me esmagada pelo consenso. O consenso é daquelas coisas que me esmaga e esmifra e esvazia e rasga até me fazer sentir carcomida e sequinha e sugada e enxuta, o consenso seca-me toda por dentro e por fora, fico toda picadinha, toda consumida, toda inexistente, toda destruída e mirradinha. J.M. Vieira Mendes, Suspiro

MATRIZ é um espetáculo disparatado em que duas pessoas descrevem o mundo como uma sequência de disparates. As duas pessoas tentam fazer um número de equilibrismo nas contradições, procurando o desequilíbrio como lugar. E, como tal, caem frequentemente na armadilha das suas próprias palavras e dos seus disparates, esperando a cada vez ter despistado os sentidos que lhes são impostos, sejam eles os sentidos que apontam a direção, os sentidos que apontam aos significados ou os sentidos que nos apertam o coração.

MATRIZ é também uma cortina que não esconde nada porque não há nada para esconder. Protesta contra a economia dos segredos sabendo-se dentro dela e fala e fala e fala e apesar disso, sobre este espetáculo, continua a dizer-se que não diz nada. Porque se pressupõe que há um mundo a sério e um mundo a brincar, um discurso disparatado e um discurso acertado. Enfim, é o mundo em que vivemos. Ou em que não vivemos. Ou em que não queremos viver. E a quem considerar que o espetáculo é do contra sopramos ao ouvido que

MATRIZ é sobretudo a favor de si próprio. Para os espectadores mais dados a questões práticas, este é um espetáculo do Cão Solteiro que pediu a José Maria Vieira Mendes um texto quando ainda só tinha o título do espetáculo. Entretanto o tempo passou, o texto escreveu-se e chama-se SUSPIRO e é um texto dramático. Quanto ao espetáculo, foi sendo pensado entre a Mariana Sá Nogueira, a Paula Sá Nogueira e a Patrícia da Silva, lutando contra os requisitos da ação, da visibilidade e da compreensão, matrizes de uma ideia de teatro que é também uma ideia de arte. Para que tudo isso estivesse presente, mas não fosse a presença, o artista plástico Vasco Araújo tricotou duas cortinas que não servem para nada e que replicam todas as outras cortinas e panos e panejamentos e tecidos com que se insiste vestir os teatros como se eles tivessem frio ou devessem ser alguma coisa ou tivessem de esconder qualquer coisa, como se o teatro fosse obrigado a ser o lugar da magia e da ilusão e do segredo, lá está. Como se o teatro fosse uma azeitona com um caroço e o espetáculo fosse uma azeitona com caroço e o caroço é o que levamos para casa, uma ideia com que MATRIZ se irrita muitas vezes porque em MATRIZ não há caroço. É por isso também que Daniel Worm D’Assumpção, que desenhou a luz do espetáculo, decide dar uma perninha para encarnar o Nada, personagem que descende do Ninguém de Garrett mas não lhe liga nenhuma. E lá vem ele em todo o seu esplendor luminoso declarar-nos a inexistência da interioridade, dando-nos o prazer de aceder à estética da inexistência. E suspiramos e relaxamos no disparate.

Data

24, Novembro 2022

Horário

21H30

Duração

1h00

Faixa etária

M12

Preço

€7

€5

descontos TAGV
< de 25 anos, estudante, comunidade uc, rede alumni uc, > 65 anos, grupo ≥ 10, desempregado, profissional do espetáculo, parcerias TAGV

Os bilhetes com desconto são pessoais e intransmissíveis e obrigam à identificação na entrada quando solicitada. Os descontos não são acumuláveis

Local auditório TAGV

um espectáculo Cão Solteiro

criado por Daniel Worm D’Assumpção, José Maria Vieira Mendes, Mariana Sá Nogueira, Patrícia da Silva, Paula Sá Nogueira, Vasco Araújo

montagem Nuno Tomaz

produção executiva Mariana Sá Marques

direção de produção e fotografia Joana Dilão

residência Espaço Casa Cheia

cedência de material cénico Plataforma285, Teatro Praga

companhia financiada República Portuguesa. Cultura – Direção Geral das Artes, Câmara Municipal de Lisboa

coprodução Teatro Académico de Gil Vicente

Clique ou faça scroll para ver o próximo evento.

Toque para ver o próximo evento.

Poesia

declAMAR Poesia