Em 2017, a École des Maîtres é dirigida pelo coletivo de teatro belga Transquinquennal que propõe um trabalho coletivo de criação que partirá de duas interrogações: Até que ponto cada um de nós, no contexto que nos rodeia é um bem de consumo? E que valor atribuímos ao outro quando o “consumimos”?

Literalmente, regatear é um tipo de negociação comercial, onde o comprador e o vendedor de um bem ou serviço debatem o preço e a natureza exata da transação. Regatear é uma alternativa ao preço fixo. Os mecanismos consumistas estruturam profundamente o nosso mundo, para lá da moral, da religião ou da lei. Eles nascem na área conturbada onde convergem a libido, a economia e a moral. O rescaldo da crise de 2008 para os bancos europeus, por um lado, e por outro a necessidade recorrente das democracias modernas de redimirem a sua consciência legislando sobre o ato de compra e venda que é a prostituição são emblemáticos. A reflexão e o trabalho partirão da consideração sobre aquilo em que uma prática económica divide a sociedade ao mesmo tempo que a liga. Esta edição da École des Maîtres incidirá sobre o valor mercantil do indivíduo e da sua existência. Os preços da vida são fixados diariamente pelos mercados oficiais ou subterrâneos, públicos e mafiosos. Portanto, pensar que a vida não tem preço, é angelical ou hipócrita. O trabalho coletivo de criação partirá de duas interrogações: Até que ponto cada um de nós, no contexto que nos rodeia, é um bem de consumo? E que valor atribuímos ao outro quando o “consumimos”? Transquinquennal quer tentar, durante este processo de trabalho coletivo, realçar a oposição entre a «desencarnação» da vida humana e a sua encarnação metafórica em palco pelos atores.