“O Vento na Boca” é um cadavre exquis literário, escrito a quatro mãos durante o primeiro período de confinamento. Ao longo de 11 dias (26 de maio a 5 de junho de 2020) as autoras construíram uma fantasiosa Casa do Alpendre (a verdadeira protagonista da história) e tornaram-na habitável, deixando que se enchesse de personagens e acontecimentos que, se outros méritos não tiverem, ao menos serviram para ajudar as duas escritoras a suportar o peso da sua própria clausura.
Nesta, como em tantas outras ficções, a certa altura são os personagens quem desbobina o fio da história. Por isso, se a sua árvore genealógica parecer intrincada e improvável, se os enredos forem cronologicamente baralhados, se surgirem gatos falantes e filosóficos e se o futuro da Europa aparecer ensombrado, de nenhuma dessas culpas podem as autoras ser acusadas, visto que apenas emprestaram as suas penas e tinteiros aos incorpóreos personagens.
Leitores… sorriam, portanto. Sintam o Vento na Boca.

O Clube de Leitura Teatral, iniciativa que junta o Teatro Académico de Gil Vicente e A Escola da Noite, acontece mensalmente, com leituras informais dedicadas a textos de um dramaturgo/escritor. O objetivo é a divulgação, o conhecimento e a promoção da dramaturgia.