Ryusuke Hamaguchi, o maior realizador japonês da atualidade
Um jovem casal celebra a aproximação do seu casamento numa festa com amigos. Acidentalmente alguém revela um caso amoroso que o noivo teve no passado. Neste que é o seu filme de fim de curso, um filme sob influência de John Cassavetes, e o primeiro a ser distribuÃdo em sala, chamando assim a atenção do público para a sua obra, Hamaguchi narra com mestria a complexidade das relações e as suas feridas intrincadas e frequentemente inexprimÃveis.
O mundo começou a reparar nele quando Happy Hour – Hora Feliz (2015) foi premiado no festival de Locarno (foi também o seu primeiro filme a ser exibido em Portugal). A partir daÃ, Ryusuke Hamaguchi impôs-se como um dos cineastas mais importantes da última década. Não só no Japão, mas também internacionalmente. O seu filme seguinte, Asako I & II (2018) esteve em competição em Cannes. Em 2021 fomos presenteados com um double Hamaguchi: primeiro Roda da Fortuna e da Fantasia, Urso de Prata em Berlim, e uns meses depois Drive My Car, premiado em Cannes e coroado com o Óscar de Melhor Filme Internacional (seria o segundo para o Japão, depois de Akira Kurosawa). No ano passado, surpreendeu-nos com Evil Does Not Exist – O Mal não Está Aqui, Grande Prémio do Júri em Veneza, entre outros prémios, o que faz dele (outra coisa rara), um dos poucos cineastas premiados em todos os mais importantes festivais do mundo.
Mas qual foi o caminho deste antigo aluno de Shigehiko Hasumi, o mais importante dos crÃticos japoneses de todos os tempos, e do realizador Kiyoshi Kurosawa, com quem já colaborou, e que, desde a escola de cinema não parou de fazer filmes? É esse percurso, essa obra de um “realismo despojado”  e do “registo do Ãntimo”, essa roda da fortuna e da fantasia, onde o acaso e as inflexões vêm, de forma subtil, alterar a ordem das coisas e as interações entre as personagens quando menos esperamos, provocando fissuras, despoletando uma crescente tensão e o tumulto dos sentimentos, uma obra que foi beber aos mestres japoneses Mizoguchi, Ozu e Naruse, mas também a Cassavetes, Rohmer, Rivette, ou Antonioni.
Numa primeira fase, a que chamamos “Hamaguchi I”, (re)vemos os filmes que primeiro chegaram ao Ocidente, de Happy Hour a Evil Does not Exist. Numa segunda, “Hamaguchi II”, que arranca a 31 de Maio, descobrimos a sua obra anterior, com a estreia em Portugal de Paixão (2008), o seu extraordinário filme de fim de curso, e um programa de mais 6 filmes, de 2003 a 2013, também inéditos em sala por cá (alguns deles foram projectados no LEFFEST, no tributo que o festival prestou ao realizador em 2021). Referindo-se a estes filmes anteriores, disse Ryusuke: “Os meus filmes mais recentes não são forçosamente melhores que os mais antigos, porque cada um destes filmes tem dentro qualquer coisa que me foi possÃvel filmar unicamente naquele momento preciso. […] Talvez se deva procurar nestas obras dos primeiros tempos não apenas as premissas do que iriam ser Happy Hour ou Asako I & II, mas também aquelas de que não tenho ainda consciência e que prefiguram as minhas obras futuras.” É agora o tempo certo de estes filmes encontrarem novos espectadores. Que venham muitos!
Data
25, Junho 2024
Horário
18H30
Duração
1h55
Faixa etária
M14
Preço
€5
€3,5Â
< 25 anos, estudante, comunidade uc, rede alumni uc, > 65 anos, grupo ≥ 10, desempregado, profissional da cultura, parceria TAGV
Os bilhetes com desconto são pessoais e intransmissÃveis e obrigam à identificação na entrada quando solicitada. Os descontos não são acumuláveis
Local TAGV
Com Aoba Kawai, Nao Okabe, Ryuta Okamoto
Origem Japão, 2008
Cópia digital restaurada
Ciclo Hamaguchi I e II