O filme consiste em diversos episódios da vida dos habitantes de um pequeno bairro de lata: bebedeiras, sonhos, depressões, casos de adultério, a luta pela vida de todos os dias. Um rapaz conduz um elétrico imaginário; um outro, que procura comida nos caixotes de lixo dos restaurantes, sonha em encontrar o pai; uma rapariga faz flores artificiais para sustentar o avô alcoólico. O “chefe” informal do grupo é o velho Tamba, um velho artesão, capaz de tudo perceber e de tudo perdoar.

Kurosawa utiliza pela primeira vez a cor neste filme e dá-lhe, como em todos os que fez depois, uma função narrativa e psicológica fundamental. Mas, se é uma das obras maiores do realizador, marcou também uma crise na sua vida e carreira, devido ao fracasso comercial, que levou Kurosawa a uma tentativa de suicídio. Uma meditação amarga sobre a desumanidade do ser humano, sobre um bairro pobre onde os habitantes tentam sobreviver entre o sonho e a loucura. Cinemateca Portuguesa