Quando Lola Arias primeiro imaginou este filme, o seu plano era criar uma grande produção artística com os prisioneiros da prisão de Buenos Aires. Entretanto, com o surgimento da pandemia, as visitas à prisão tornaram-se impossíveis e a realizadora teve de mudar a sua táctica. Eis, então, que surge Reas (2024): uma mistura do documentário com o musical, em que ex-presidiários reencenam a sua vida na prisão através das suas memórias, simultaneamente ficcionalizando o passado e trabalhando na conceção de um futuro. Como já é hábito na obra da realizadora, emerge um trabalho coletivo interartístico, marcado pela multiplicidade de identidades e pela rejeição do estigma.

Lola Arias (Argentina) é escritora e realizadora de teatro e cinema; começa o seu percurso na Universidade de Buenos Aires com uma licenciatura em literatura. Mais tarde, especializou-se em dramaturgia pela Escola de Artes de Buenos Aires. Atualmente, apresenta uma obra extensa e admirável pela sua diversidade, que abrange diferentes vertentes artísticas como o teatro, o cinema, a literatura, a música e as artes visuais. Subjacente aos seus projetos, persiste o interesse e a preocupação em mostrar grupos marginalizados, dando-lhes voz e criando discussões que desafiam o status quo. O seu último filme, Reas (2024), ganhou o Prémio Sebastiane no Festival de San Sebastián e foi selecionado para competição no Festival de Berlim.