Retrospectiva mapeará, também, tudo o que terá corrido mal; o que não correu, sequer; o que ficou por dizer, ou o que não deu para fazer; o que não devia ter sido dito/feito; o que se esqueceu, oprimiu, censurou, obstruiu, interrompeu; o que não nos deixaram dizer/fazer, ou o que não fomos capazes sequer de começar. O percurso e o seu negativo
No contexto do Festival Citemor 2023, será apresentada integralmente a Parte 1: Missed-en-Abîme (versão para palco da performance-instalação estreada em contexto de museu em 2021), seguida de um estudo introdutório para a Parte 2: Lamento Imenso, cuja estreia final terá lugar em 2024. Adicionalmente, será lançado/apresentado o livro-de-artista que dá o nome à trilogia: Psicobiografia de um Herói Perdedor. A trilogia ficará completa com a Parte 3: Ulysses em 2025.
Retrospectiva é o macro-projeto que assinala, de forma mais crítica que celebratória, os 20 anos desde a estreia do tríptico de performances em espaços inusitados Vou A Tua Casa (2003) e os projetos educacionais, curatoriais, académicos e gastronómicos que, em diálogo tensional e (in)disciplinado, se lhe seguiram: Dogma 2005 (2005), Projecto de Documentação (2006-2011), A Oportunidade do Espectador (2007-10), Espectáculo de Teatro (2008), Vou À Tua Mesa (2010-15), Residência (Artística) & Realpolitik (2012), Terceira Via™ (2013) e Multiversidade (2015-25). Com a duração de três anos, o programa contempla reenactments, laboratórios experimentais, conversas, a publicação de dois livros (com a chancela ed._______ do Teatro Praga em colaboração com a Sistema Solar, e lançamento duplo em 2024), entre outras atividades cujo objetivo central será a revisitação e consequente adensamento de temas, conceitos e operações já explorados, mas também a abertura de pontos de fuga para outras intensidades, antevendo prioridades futuras, novas agências e inusitadas colaborações. Operacionalmente, o projeto fará a compilação e reativação quase-integrais do arquivo transdisciplinar de objetos textuais, visuais e performativos produzido por Rogério Nuno Costa e colaboradores próximos (incluindo espectadores) ao longo das últimas duas décadas, mas também a construção de um novo edifício concetual e performativo; uma nova série de 3 peças, criadas e apresentadas no/para o espaço do palco, irá sugerir a reescrita de uma narrativa memorial em torno da acidentalidade do percurso pós-Vou A Tua Casa, mas agora através do exercício queer da falha, da falta e da invisibilidade, contrariando (quiçá intensificando) o discurso celebratório das restantes atividades. Subintitulado Psicobiografia de um Herói Perdedor, o tríptico tentará dar resposta/s à inevitável questão: pode o projeto Vou A Tua Casa (e, no limite, o seu criador) reconciliar-se com o espaço do palco que há duas décadas, tragicamente, recusou? Uma narrativa meta-ficcional e epistolar, em três andamentos, onde as questões da intimidade, privacidade, representação, coparticipação, memória, autoria, compromisso, quotidiano, domesticidade, relacionalidade, cuidado e co-laboração, obsessivamente trabalhadas pela trilogia Vou A Tua Casa, co-habitarão um novo edifício crítico e um novo enredo sacrificial, revelando as razões (mais ou menos) universais que explicam o hiato est/ético que muitas vezes afasta obras de artistas, artistas de públicos, públicos/artistas de instituições, e instituições de tudo o resto. Revendo e re-analisando um percurso de conquistas e realizações, assim especulando e perspectivando a possibilidade da sua continuidade futura, Retrospectiva mapeará, também, “tudo o que terá corrido mal”; o que não correu, sequer; o que ficou por dizer, ou o que não deu para fazer; o que não devia ter sido dito/feito; o que se esqueceu, oprimiu, censurou, obstruiu, interrompeu; o que não nos deixaram dizer/fazer, ou o que não fomos capazes sequer de começar. O percurso e o seu negativo.
Rogério Nuno Costa (Amares, 1978) performer, investigador, professor e escritor, desenvolve trabalho artístico e de investigação inter- e transdisciplinar. Vive e trabalha entre Portugal e a Finlândia. Apresenta espetáculos, performances, conferências e projetos curatoriais e editoriais que exploram os campos do teatro, dança, artes visuais e literatura. Com formação académica em Comunicação Social, História da Arte Contemporânea e Cultura Contemporânea & Novas Tecnologias, desenvolve atualmente investigação em Visual Cultures, Curating and Contemporary Art na Aalto University (Finlândia). Colaborador do Núcleo de Investigação em Estudos Performativos da Universidade do Minho/CEHUM e do Artistic Pedagogy Research “Spaces of Artist Education” (University of the Arts, Helsínquia). Como intérprete, co-criador e colaborador artístico, trabalhou com Mariana Tengner Barros, Patrícia Portela, Teatro Praga, Sónia Baptista, Lúcia Sigalho, Teresa Prima, Joclécio Azevedo, Susana Mendes Silva, Nelson Guerreiro, entre outrxs. Colaborador assíduo da companhia Estrutura. Faz curadoria para projetos artísticos e educacionais. Foi professor Assistente Convidado na licenciatura em Teatro da Universidade do Minho (Guimarães) e na Escola Superior de Artes e Design (Caldas da Rainha), tendo também lecionado na ArtEZ University of the Arts (Arnhem, Países Baixos). Trabalha com vários artistas na condição de coordenador editorial e dramaturgo. Foi artista associado e coordenador do projeto documental do Ballet Contemporâneo do Norte entre 2015 e 2022, tendo dirigido a edição do catálogo dos 25 anos da companhia (Sistema Infinitamente Imaterial, 2020). É, a partir de 2023, artista associado d’O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo) e membro da Globe Art Point (Helsínquia). Dos seus trabalhos recentes, destaca a conferência-performance Multiversidade (2021), apresentada na Rua das Gaivotas 6 e no Festival Atos de Fala/Teatro do Bairro Alto (versão online), projeto resultante da bolsa de investigação Reclamar Tempo atribuída pelo Teatro Municipal do Porto; do mesmo ano, a performance-instalação Missed-en-Abîme, trabalho selecionado para a PT.23 – Plataforma Portuguesa de Artes Performativas (O Espaço do Tempo). Atualmente, integra o projeto STAGES – Sustainable Theatre Alliance for a Green Environmental Shift a convite do Teatro Nacional D. Maria II. Os seus trabalhos têm sido realizados em colaboração e coprodução com diversas estruturas, das quais destaca: Advancing Performing Arts Project, Alkantara, Armazém 22, Atelier Real, Binaural, Centro em Movimento, CCB, Chão de Oliva, Circular, Cité Internationale Universitaire de Paris, Citemor, Dance Kiosk, Fábrica de Movimentos, Festival END, Kaapelitehdas, Kunstencentrum BUDA, m-cult, Museu de Serralves, Museum of Impossible Forms, Nomad Dance Academy, NEC, PORTA33, prado, Quarta Parede, TAGV, Tanzfabrik, Teatro Municipal do Porto, Teatro Praga, Teatro Viriato, Temps d’Images, Transforma e ZonaD Dancelabs. Desde 1999, o seu trabalho já foi apresentado em Portugal, França, Reino Unido, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Croácia, Finlândia, Roménia e Canadá.
Data
21, Julho 2023
Horário
21H30
Duração
1h20
Faixa etária
M12
Preço
€7
€5
preços únicos e à escolha do público
*este espetáculo usa luzes estroboscópicas
Local auditório TAGV (lotação limitada)
RETROSPECTIVA Parte 1: Missed-en-Abîme (performance-instalação)
direção artística, texto, criação e interpretação Rogério Nuno Costa
produção Inês Carvalho e Lemos
desenho de luz & dispositivo cénico Kristian Palmu
arte sonora Niko Skorpio
dramaturgia de movimento Pie Kär
design gráfico, animações & assistência Jani Nummela
workshop & apoio dramatúrgico Colectivo FACA (Andreia Coutinho e Maribel Sobreira)
olhar exterior Susana Otero
fotografia de cena Alípio Padilha e Miguel Refresco
tradução (Inglês) Francesca Rayner & Rogério Nuno Costa
tradução (Francês) Graça dos Santos
tradução (Finlandês) Jani Nummela
consultoria vídeo (Chroma Key) Mário Jerónimo Negrão
assistência à captação de som Vasco Rodrigues
adaptação desenho de luz (versão palco) João Pedro Fonseca
direção & operação técnica André Teixeira
registo vídeo Xavier Sousa/VINCO
projeto financiado Governo de Portugal – Direcção-Geral das Artes
coprodução Teatro Viriato
apoio à mobilidade TelepART – Instituto Iberoamericano de Finlandia
estreia Serralves Museu de Arte Contemporânea, O Museu Como Performance (Porto, 2021)
digressão (2022-23) Festival Contradança (Covilhã), Festival Temps d’Images/Museu Coleção Berardo (Lisboa), Teatro Viriato/Festival END (Viseu), Chão de Oliva/Festival Periferias (Sintra), Teatro-Cine de Torres Vedras, MUDAS – Museu de Arte Contemporânea da Madeira, PT.23 – Plataforma Portuguesa de Artes Performativas/O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo)
residências Rua das Gaivotas 6, Là-Bas Studio/Kaapelitehdas, Aalto University (School of Arts, Design and Architecture), Cité Internationale Universitaire de Paris, CAMPUS Paulo Cunha e Silva
pré-apresentações Museum of Impossible Forms (Helsínquia, 2018), Maison du Portugal/Parfums de Lisbonne (Paris, 2021)
apoio A Bela Associação, Ballet Contemporâneo do Norte, Estrutura, Teatro Feiticeiro do Norte, Université Paris Nanterre
RETROSPECTIVA Parte 2: Lamento Imenso (instalação-performance)
criação & interpretação Rogério Nuno Costa
colaboração João Pedro Fonseca
interlocutorxs (2022-23) Susana Mendes Silva, Pedro Penim, Patrícia Portela, Mafalda Banquart, Tiago Jácome, Emanuel Santos, Tiago Araújo, Bernardo Chatillon
paisagem sonora João Pedro Costa
artwork & assistência Jani Nummela
direção & operação técnica André Teixeira
desenho de luz (versão Helsinki) Tobias Lönnquist & Rogério Nuno Costa
fotografia de cena Susana Paiva
coprodução Festival Citemor e Teatro Académico de Gil Vicente
residência de coprodução O Espaço do Tempo (Artista Associado)
residências de pesquisa Teatro Esther de Carvalho/Festival Citemor (1.ª apresentação-em-progresso, julho-agosto 2022), Companhia Inestética/Residências no Palácio
pré-estreia (2.ª apresentação-em-progresso, fevereiro 2023) Festival New Theatre Helsinki, Svenska Teatern (Helsínquia, fevereiro 2023)
apoio Post Theatre Collective, Teatro Praga, Galeria Municipal de Arte de Almada, Circular – Festival de Artes Performativas de Vila do Conde, Associação Bóia/Festival Paragem, Festival END