Dois limpa-chaminés, ambos em casamentos heterossexuais convencionais, veem abaladas as suas ideias sobre sexualidade e género: um tem uma relação sexual com outro homem, mas não a interpreta como infidelidade ou sinal de homossexualidade; o outro é perturbado por sonhos recorrentes em que aparece como mulher, o que o leva a questionar até que ponto a identidade é moldada pelo olhar dos outros, e que partes de si mesmo terá reprimido. Sex é um filme que desafia as imagens normativas dos homens e da sociedade na urbana contemporânea da Noruega.

Dag Johan Haugerud nascido na Noruega em 1964, estreou-se na realização com a curta-metragem 16 levende klisjeer (1998) – que se traduz como 16 clichés vivos – e, nos anos seguintes, continuou a dedicar-se ao cinema de curta duração. Apenas em 2012, este antigo bibliotecário apresentou a sua primeira longa-metragem, Som du ser meg (I Belong), produção que arrecadou três prémios Amanda atribuídos pelo Norwegian International Film Festival, incluindo Melhor Filme e Melhor Realização, com Laila Goody premiada como Melhor Atriz. Em 2019, Haugerud bateu um recorde com o filme Barn (Beware of Children), um drama sobre as consequências de um homicídio infantil, premiado com nove Amandas nas principais categorias. O argumento mereceu também edição em livro, somando páginas à já consolidada carreira de romancista de Haugerud, que até então contava com quatro romances publicados. Barn percorreu intensivamente festivais de cinema internacionais, incluindo a Giornate degli Autori em Veneza, secção paralela dedicada a cineastas menos conhecidos. Em 2024, Haugerud regressou a Veneza, desta vez na Seleção Oficial, com a longa-metragem Sex, que integra uma trilogia lançada no mesmo ano, composta ainda por Kjærlighet (Love) e Drømmer (Dreams), este último vencedor do Urso de Ouro na última edição do Festival de Berlim, uma estreia histórica para o cinema norueguês.