Nós somos as nossas memórias. E se as nossas memórias não são mais que um produto da nossa imaginação, o que somos nós então?
Nos últimos cinco anos de vida a minha avó perdeu as faculdades muito rapidamente. Ela que sempre tinha sido uma mulher ativa e independente viu gradualmente o seu corpo e a sua cabeça deixarem de obedecer da maneira habitual. Para a obrigar a recordar-se de quem era, a minha tia arranjou um caderno onde lhe pedia para escrever um pouco da sua história: o nome, com quem era casada, onde vivia e onde tinha vivido até à data, onde tinha estudado, onde tinha nascido, onde tinha trabalhado, o número de filhos, netos e bisnetos que tinha e todos os seus nomes, etc. Penso que este poderia ser o ponto de partida para um espetáculo sobre as tarefas que inventamos para organizar as nossas lembranças e para as obrigarmos a moverem-se para uma zona de luz.
Esta investigação sobre a memória e o esquecimento, realizada por cinco criadoras-intérpretes vindas de lugares e experiências distintas, é o primeiro capÃtulo de uma trilogia inspirada pelo livro Les Formes de l’oubli do antropólogo Marc Augé.
Sobre lembrar e esquecer é o primeiro espetáculo – a que se seguirão outros dois A estação de outono com Paula Diogo e Alexander Kelly e PAISAGEM com Paula Diogo e Tónan Quito – para refletir sobre o modo como as lembranças operam nas nossas vidas: o que escolhemos recordar ou esquecer, ou o que somos capazes de recordar e esquecer. Por hábito, por condicionamento, por autopreservação, por acidente. Nós somos as nossas memórias. E se as nossas memórias não são mais que um produto da nossa imaginação (como disse André Breton), o que somos nós então?
— Paula Diogo
Data
21, Julho 2018
Horário
21H30
Duração
—
Faixa etária
M/12
Preço
O espetador define o preço do bilhete
Local Auditório TAGV
Criação e interpretação Estelle Franco, Mariana Ricardo, Masako Hattori, Paula Diogo, Sónia Baptista
Apoio à dramaturgia Mariana Ricardo
Apoio à criação Alex Cassal
Coprodução Má-Criação, Maria Matos Teatro Municipal
Apoio financeiro República Portuguesa-Cultura/Direção-Geral das Artes, Fundação Calouste Gulbenkian
Apoio à criação O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo), Centro de Criação de Candoso, Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas (Açores) e Câmara Municipal de Lisboa – Polo Cultural Gaivotas Boavista, Forum Dança e Causas Comuns
Produção Citemor
Fotografia João Tuna
Espetáculo em português, francês, japonês, inglês e espanhol com legendagem em português