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a repetição e variação de pequenos motivos induzem perceções subtis e efeitos psicoacústicos, que, pela forma espontânea e natural como se cadenciam
Pianista e compositor autodidata, desde 2006 a construir um caminho marcadamente minimalista e contemporâneo, especialmente a partir do momento em que começa a compor sob o signo da música orgânica; Álbums: Ripples on the Surface (Holuzam 2022); Organic Music Tapes (Sucata Tapes 2021-2025) e A Thousand Strings (Discrepant, 2024). Acostumado a compor com o desejo de pesquisa e descoberta, num processo de evolução constante que acontece de maneira aberta e partilhada, como um acontecimento relacionável, genuíno e honesto. As suas composições orgânicas formam nebulosas de sons com contornos indeterminados. Música que se desenvolve em processo gradual, onde a repetição e variação de pequenos motivos induzem perceções subtis e efeitos psicoacústicos, que, pela forma espontânea e natural como se cadenciam, aparece como se tecida pelo próprio tecido da vida – o mesmo que dá forma aos rios, aos veios da madeira, à fibra nos músculos ou às marcas numa pedra Jade.
Integral Organic Tapes 2022—2025
Tiago Sousa
Concerto de abertura do festival menor 2025.
Entre janeiro de 2022 e janeiro de 2025, a cada novo ano, o pianista e compositor Tiago Sousa publicou um novo volume desta série de composições para fita magnética que homenageiam com liberdade as propostas formais do minimalismo americano; em particular Steve Reich, Terry Riley, e Charlemagne Palestine.
Quatro volumes onde o próprio Tiago Sousa interpreta as suas composições ao piano, órgão elétrico e de tubos, e taped-loops. Peças que pertencem, simultaneamente, a um corpo nebuloso que vagueia entre a repetição progressivamente disforme do som registado em fita, e a aparição de um espectro orgânico desenhado pelo piano forte, que ganha especial protagonismo no ato final desta série.
Poucas semanas depois da publicação deste último volume, Tiago Sousa vai tocar ao vivo a integral destas peças; num concerto inédito e desafiadoramente extenso.
O público e o músico estarão pela primeira vez, juntos, diante desta obra inteira numa só noite, na abertura da programação do festival menor 2025. Um primeiro encontro corpo-a-corpo com a proposta desta edição que nos convida a ouvir atentamente, demorando, com prazer; desprezando a nossa falta de jeito para a escuta dedicada, silenciando, se preciso for, os alarmes e campainhas que nos hão de chamar de volta a deslizar pelos instantes breves e dispersos em que passamos os dias.
Nas palavras de Tiago Sousa, perante este desafio: muitas vezes é a impaciência que governa a música. O papel que o compositor assume é o de gestor de expectativas. Quando assim é, sem um ponto de sustentação ou apoio na duração, perde-se o demorar. Uma escuta demorada, que cuide do embelezamento da duração, que proteja da caducidade das coisas ao alimentar-se da lentidão e da perdurabilidade, da recordação e da memória, corresponde a uma oportunidade para subverter as dinâmicas do tempo baseadas no consumismo.
NOTAS
(01) Não está incluído neste concerto o excerto originalmente gravado num órgão de tubos e publicado no terceiro volume da série.
(02) O concerto tem uma duração aproximada de 2 horas e 30 minutos e um intervalo. Durante o concerto será possível entrar e sair da sala respeitando as indicações da equipa de acolhimento do TAGV. — Alexandre Lemos, 2025
O menor é um festival de música eletrónica que assume o compromisso com o desconhecido, a diferença e a diversidade, manifestados num alinhamento em que os espetáculos são sempre de alguma forma inéditos, entre encomendas, estreias e concertos exclusivos. O programa centra-se no impulso inicia que deu origem à música eletrónica, um gesto futurista em defesa do novo e da procura de um espaço onde os artistas que não se reconhecem nos padrões dominantes encontram um lugar de expressão. Produzido pelo TAGV e com curadoria de Alexandre Lemos, o menor é um território de inquietude, pronto para ser habitado pelos amantes da música eletrónica mais vertiginosa.
Data
22, Fevereiro 2025
Horário
21H00
Duração
2h30 com intervalos
Faixa etária
M12
Preço
€10
€7
< 25 anos, estudante, comunidade uc, rede alumni uc, > 65 anos, grupo ≥ 10, desempregado, profissional da cultura, parcerias TAGV
Bilheteira / atendimento presencial
segunda a sexta-feira 14h00 — 20h00
em dias de eventos 1 hora antes / até meia hora depois
encerrada aos sábados, domingos e feriados
Local TAGV
Vídeo Tiago Sousa
Desenho de luz (criado especificamente para este concerto no TAGV) Pedro Mendonça
Curadoria Festival menor Alexandre Lemos
Produção Teatro Académico de Gil Vicente
Fotografia Vera Marmelo