e foi por isso, e por mais nada, que saltou para o ecrã…
Um Saco e uma Pedra — Peça de Dança para Ecrã
Vamos imaginar. Há uma peça de dança. Essa peça de dança tornou-se consciente da sua existência. Tornou-se um ser. Um ser independente, capaz de tomar decisões por si mesmo, sobre si mesmo. Decidiu ir ao cinema. Pelo caminho encontrou um saco e uma pedra. Agarrou o saco, agarrou a pedra, e levou-os consigo. Talvez viesse um dia a precisar deles. Fez o seu caminho, chegou ao cinema. Mas tinha por hábito estar do lado do palco, não do espectador. E foi por isso, e por mais nada, que saltou para o ecrã…
— Tânia Carvalho
La Valse
No início de 1920, depois de meses de total isolamento na casa de campo de um amigo, em Ladras, situada a cerca de 400 km a sudoeste de Paris, Maurice Ravel termina finalmente a orquestração de “A Valsa, Poema Coreográfico”, encomenda de Sergei Diaghilev para os Ballets Russos. É o regresso do artista à grande composição depois de anos improdutivos causados tanto pelos terríveis anos da Grande Guerra como pela morte da mãe que, segundo ele, era a única razão da sua existência. Muitos anos depois, seria escrito sobre a obra: “Mais do que uma homenagem à valsa, é uma ácida reflexão sobre os traumáticos anos do pós-primeira Guerra Mundial na Europa” e “Ao mesmo tempo, uma metáfora sobre a civilização europeia do pós-guerra e uma narrativa que desenha o nascimento, a decadência e a destruição de um grande género musical: a valsa”. E, no entanto, na primavera de 1920, Sergei Diaghilev recusou a obra. Ofendido, Ravel cortou relações com o diretor artístico e empresário russo. Diaghilev chegou a desafiá-lo para um duelo, que amigos de ambos impediram. Nunca mais se falaram, nunca mais se viram.
Organizado pelo Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) e Câmara Municipal de Coimbra/Convento São Francisco, o Festival teve em 2016 a sua primeira edição conjunta. Esta iniciativa parte de um interesse comum pela dança contemporânea, reconhecendo o lugar central que esta ocupa na renovação da linguagem das artes performativas nas últimas décadas. O festival pretende dar conta do panorama criativo da dança nacional e internacional, além de promover atividades pedagógicas direcionadas para públicos escolares. Nesta edição, o Festival Abril Dança dá mais um passo no sentido de se constituir como uma iniciativa de âmbito regional e nacional, mais aberta e plural na forma e nas linguagens de criação, propondo espetáculos de dança em vários registos, a exibição de filmes, documentários, workshops e conversas com os artistas.
Data
01, Abril 2019
Horário
18H30
Duração
1h25
Faixa etária
M/12
Preço
€5
€3,5 < 25, estudante, > 65, comunidade UC, grupo ≥ 10, desempregado, parcerias
Local Auditório TAGV
Um Saco e uma Pedra — Peça de Dança para Ecrã De Tânia Carvalho
Com André Santos, Leonor Hipólito, Ramiro Guerreiro, Petra Van Gompel, Bruno Senune, Luís Guerra, Bruna Carvalho, Jácome Filipe e Cláudio Vieira
La Valse De João Botelho
Com Nuno Vieira D’ Almeida, Joana Gama, João Ricardo, Maria Tengarrinha, Samuel Bjork Fanhais, Ricardo Lameiras
Fotografia La Valse de João Botelho
Sessão de cinema integrada no Festival Abril Dança em Coimbra
Coprodução Festival Abril Dança em Coimbra TAGV, Câmara Municipal de Coimbra/Convento São Francisco