é um dos mais célebres filmes do realizador e, sem sombra de dúvida, um dos maiores papéis da carreira de Gena Rowlands
Se uma das coisas que se costuma dizer sobre Cassavetes é que ele filmava pessoas “normais” (por oposição às pessoas “extraordinárias” filmadas em Hollywood) então este filme representa um ligeiro desvio. Em “A Woman Under the Influence” a questão é, justamente, a “normalidade”, a sua essência e os seus limites, numa reflexão centrada na suave loucura da personagem de Gena Rowlands. É um dos mais célebres filmes do realizador e, sem sombra de dúvida, um dos maiores papéis da carreira de Gena Rowlands. Cinemateca Portuguesa
Cassavetes encarnava a emergência em nova iorque de uma nova escola de guerrilheiros do cinema. (…) Só as relações humanas o interessavam: o riso e a vergonha, os jogos e as lágrimas – o grande carrossel do amor. Martin Scorsese
Há algo de especial que sinto momentos antes de ver os teus filmes – uma expectativa. Não importa se vi o filme anteriormente ou não (acho que já os vi todos umas quantas vezes), ainda tenho esse sentimento. Espero por algo que pareço desesperadamente desejar, uma espécie de elucidação. Como cinéfilo ou como cineasta (para mim já não parece existir uma divisão clara entre os dois) antecipo uma rajada de inspiração. Quero elucidação formal. Preciso que me sejam reveladas as consequências de um jump-cut. Quero saber como a crueza dos ângulos da câmara ou do grão da película figuram na equação emocional. Quero aprender sobre a representação através das interpretações, sobre os ambientes através da luz e dos locais. Estou pronto, completamente preparado para assimilar “a verdade a vinte e quatro frames por segundo.”
Mas a questão é esta: assim que o filme começa e me apresenta o seu mundo, perco-me. A expectativa daquela elucidação particular evapora-se. Deixa-me lá, sozinho no escuro. O mundo dentro da tela é agora habitado por humanos. Também parecem perdidos, sozinhos. Olho-os. Observo cada pormenor dos seus movimentos, das suas expressões, das suas reacções. Oiço atentamente aquilo que dizem, os contornos desgastados do tom de voz de um, a malícia disfarçada no ritmo oral de outro. Já não estou a pensar em representação. Estou desatento ao “diálogo”. Esqueci a câmara.
A elucidação que antecipava de ti é substituída por outra. Esta não convida à análise ou à dissecação, apenas à observação e à intuição. Em vez das revelações sobre, por exemplo, a construção de uma cena, vou ficando apenas elucidado acerca das subtis nuances da natureza humana.
Os teus filmes são sobre o amor, a confiança e a desconfiança, o isolamento, a alegria, a tristeza, o êxtase e a estupidez. São sobre a inquietação, a embriaguez, a resiliência e o desejo, sobre o humor, a teimosia, as falhas de comunicação e o medo. Mas acima de tudo são sobre o amor e levam-nos a um sítio mais profundo do que qualquer estudo da “forma narrativa”. Sim, és um grande cineasta, um dos meus favoritos. Mas aquilo que os teus filmes iluminam de forma mais comovente é que a película é uma coisa e a beleza, a estranheza e a complexidade da experiência humana são outra. John Cassavetes, tiro-te o chapéu. E seguro-o sobre o meu coração. Carta aberta a John Cassavetes, por Jim Jarmusch
Data
18, Julho 2022
Horário
21H00
Duração
2h35
Faixa etária
M12
Preço
€5
€3,5
descontos TAGV
< de 25 anos
estudante
comunidade uc
rede alumni uc
> 65 anos
grupo ≥ 10
desempregado
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Local auditório TAGV
com Fred Draper, Gena Rowlands, Peter Falk
origem EUA, 1974
cópia digital restaurada
estreia e exibição em exclusivo, em Coimbra, no TAGV
ciclo John Cassavetes — O Verdadeiro Rebelde