Um encontro que dá novo passo num trajeto caracterizado pela partilha de autorias e o desejo de confronto entre diversas disciplinas, metodologias, gerações e abordagens — de que são exemplos as nossas mais recentes criações TANG PING, um western moderno sobre não ser ninguém (com Gemma Rodríguez) e O Grande Museu da Consciência de Elon Musk (com Jorge Palinhos e Miguel Mira).

Assim, unraveling é um espetáculo em que se procura uma estética para este encontro, a partir de conversas que se foram desdobrando em infinitas ramificações e se revelaram impossíveis de ser disciplinadas. Foi esse fluxo que apontou a direção do gesto artístico: trabalhar num dispositivo que se pudesse construir a partir do desenrolar, do unravel desse conversar (que, mesmo desordenado, ia encontrando transversalidade na ecologia, na arte, na política). Como que encenando um fluxo de consciência, a escrita dos textos, os percursos que o público faz com os intérpretes e o espaço cénico são orientados em função da ideia de deambulação, numa continuidade entre o pensar, o caminhar, o ver e o tocar.

O Visões Úteis é um projeto artístico (Porto, onde foi fundado em 1994). O teatro foi a raiz de uma atividade constante e intensa que rapidamente se alargou a outras áreas das artes performativas, como a Performance na Paisagem e a Performance em Comunidade. A criação artística é o núcleo de uma atividade que se alastra por variados domínios como a programação, a circulação nacional e internacional, a edição, o desenvolvimento de públicos e territórios, a edição, a investigação e a formação da equipa. Aqui, os sentidos e limites do estético e do ético, da arte e da política, são debatidos e negociados todos os dias, o que explica as transformações que o projeto constantemente atravessa.