É ela quem mais luta contra a injustiça em que foram obrigadas a viver e desafia, por diversas vezes, a autoridade, sofrendo as consequências dessa atitude
A história do filme Virgem Margarida começa com uma fotografia do meu amigo Ricardo Rangel, grande fotógrafo moçambicano. Há muitos anos, mostrou-me a fotografia de dois militares, logo após a independência, a escoltarem uma mulher para ser enviada para um centro de reeducação de prostitutas. Ironicamente ele deu o título à foto: “A Ultima Prostituta”. Inspirado pela foto, fiz, há cerca de 15 anos, um documentário sobre o tema da reeducação destas mulheres, com o mesmo título. Ao contrário dos meus outros documentários, foi um filme bastante clássico: apenas depoimentos de mulheres que estiveram lá como reeducandas e da comandante de um centro. Devido à dramaticidade do tema, não me pareceu correcto fazer o documentário de outra maneira que não fosse esta. Foram as participantes deste documentário que contaram-me a história da Margarida, jovem camponesa levada por engano para a reeducação, uma delas chorou ao fazê-lo. Foram apenas algumas poucas frases sobre Margarida, o suficiente para me fazer ver que ali havia uma grande história. Para mim, normalmente é o tema que determina o género de filme que devo fazer. Por tratar-se de um passado bastante distante, sobre uma personagem já desaparecida, achei que a história seria melhor aproveitada e teria mais impacto, como ficção. Escrevi o guião a partir do pouco que elas me contaram sobre a Margarida, incluindo muito das experiências vividas por elas no centro e servindo-me das trajetórias e personalidades de algumas delas como inspiração para personagens.
Filme exibido no âmbito do 6º Simpósio Internacional de Cinemas em Português.
Data
10, Março 2015
Horário
21H30
Duração
1h30
Faixa etária
m/12
Preço
€2
Local Auditório
Com Ermelinda Cimela, Victor Gonçalves, Sumeia Maculuva, Iva Mugalela, Rosa Mário
País Moçambique, 2012