Viver Mal mostra outro ponto de vista sobre o mesmo tempo e o mesmo espaço, em que um ponto de vista mostra os dramas de que o outro só deixa vislumbrar fragmentos
Um hotel junto à costa norte de Portugal, acolhe os seus clientes, num fim de semana. Um homem vive dividido entre a atenção a dar à sua mulher e o espaço que ocupa a sua mãe no meio deles. Uma mãe promove o casamento da filha para facilitar a sua relação amorosa com o genro. Outra mãe vive através da filha, impedindo-a de tomar as suas próprias decisões. Três núcleos familiares em final de ciclo de aceitação.
Viver Mal é um espelho do filme Mal Viver. Num espelho a imagem refletida é invertida, neste filme a imagem mostra o que só pode ser imaginado no outro filme: os clientes do Hotel que são só sombras e vultos fugazes, em aparições muito fragmentadas, no primeiro filme, passam a ser os protagonistas. E a família do Hotel, protagonista do outro filme, passa a ser sombra e vulto fugaz, em aparições fragmentadas, que perturbam a narrativa das histórias dos clientes neste. A vida e os dramas da família do Hotel são vislumbradas em fragmentos perturbadores, estes fragmentos estimulam a imaginação do espectador e ao mesmo tempo acrescentam dimensão dramática aos personagens dos clientes, que deixam de estar isolados para passarem e viver num mundo com outras pessoas e em que podem ser observados. Viver Mal mostra outro ponto de vista sobre o mesmo tempo e o mesmo espaço, em que um ponto de vista mostra os dramas de que o outro só deixa vislumbrar fragmentos.
Se houve alguém que tenha tratado obsessivamente o egotismo, como causa de viver mal consigo mesmo e com os outros, foi August Strindberg. Por isso a escolha natural de inspirar as histórias dos clientes do Hotel em peças de Strindberg que são exemplo paradigmático de diferentes formas de egotismo. Foram selecionadas três peças: Brincar com o Fogo, um marido que não se compromete na relação com a mulher, mas quando sente que a pode perder também percebe que afinal a ama; O Pelicano, uma mãe dominadora e egoísta que chega ao ponto de promover o casamento da filha para facilitar a sua relação amorosa com o marido dela; Amor de Mãe, outra mãe que projeta de tal maneira a sua vida no futuro da filha que a impede de viver um grande amor. As peças só serviram de inspiração, não se trata de adaptações diretas das mesmas, trata-se de as usar livremente como mote para uma reescrita totalmente reformulada e colocada no nosso tempo.
Data
05, Junho 2023
Horário
18H00
Duração
2h04
Faixa etária
M14
Preço
€5
€3,5
descontos TAGV
< de 25 anos, estudante, comunidade uc, rede alumni uc, > 65 anos, grupo ≥ 10, desempregado, profissional do espetáculo, parcerias TAGV
Os bilhetes com desconto são pessoais e intransmissíveis e obrigam à identificação na entrada quando solicitada. Os descontos não são acumuláveis
Local auditório TAGV
com Nuno Lopes, Filipa Areosa, Leonor Silveira
origem Portugal, França, 2023
Berlinale Encounters 2017