os temas destes ensaios são algumas constantes do meu sentir e do meu pensar: a poesia, a filosofia, a luz, a sombra, a arte, o amor, o tempo, o mar, a vida, a metamorfose e a esperança. Os estilos poéticos são muito diversificados, respondendo à especificidade das fotografias com que dialogam
Sinto-me feliz por poder ver o mundo e o tempo com muitos olhos. Mais do que os dois a partir dos quais se forma habitualmente a minha visão. Por isso, quando amigas ou amigos partilham comigo pedaços do real recortados pelo seu olhar, gosto de me demorar nessas imagens, escutando o que me dizem pela mediação de quem mas oferece, espantando-me com o que me mostram, adivinhando o que por vezes ocultam, dialogando com o seu sentido e descobrindo outros mundos nos mundos que revelam. É nesse processo de partilha sensível da aventura da vida, nessa cumplicidade de emoções e afetos, na presença e nas modulações da energia que assim nos envolve e na plenitude do seu silêncio tocando-me o corpo e a alma que me acodem palavras, rente à pele, fluindo pelos dedos à procura da luz em que respiram e dançam a eternidade do instante. E dessa relação de amor e estranhamento entre as palavras e as imagens nasce a flor do pensamento de que estes onze ensaios foto-poéticos são uma despretensiosa amostra.
Foi uma aventura que começou há muitos anos com o Paulo Abrantes, quando construímos juntos a série a que chamámos “A pele dos anjos”. Continuou depois, de uma maneira mais intensa e prolongada, sobretudo durante o confinamento da pandemia, com a Elsa Margarida Rodrigues. E foi-se estendendo, entretanto, a outras amigas, cúmplices e interlocutoras que quiseram, em momentos mais ocasionais, partilhar comigo os seus modos de ver, sentir e pensar fragmentos do mundo e da vida, como a Isabel Calado, a Cândida Ferreira, a Joana Brites e a Mafalda Pires da Silva. Completa este conjunto um ensaio em que o ponto de partida é um motivo que eu próprio fotografei e a que colei os versos que o meu desdobramento em mim gerou.
Os temas destes ensaios são algumas constantes do meu sentir e do meu pensar: a poesia, a filosofia, a luz, a sombra, a arte, o amor, o tempo, o mar, a vida, a metamorfose e a esperança. Os estilos poéticos são muito diversificados, respondendo à especificidade das fotografias com que dialogam. E gostaria que estas imagens com as minhas palavras fossem apenas o princípio de um processo em que, por dentro daqueles que as olharem, escutarem e sentirem, surjam novos jardins em que se acendam outras flores do pensamento. — João Maria André
Após a abertura da exposição, dia 11 de julho às 18h30, que conta com as participações de Inesa Markava e da Cooperativa Bonifrates, será igualmente apresentada a publicação Concordância e Diferença. LIBER AMICORUM para João Maria André.
Concordância e Diferença festeja a vida ativa do filósofo João Maria André, acolhendo testemunhos e gestos de quem o conhece, admira e com quem ele privou ao longo de muitos anos de viva amizade. É convicção de todas as autoras e autores, reunidos em torno deste volume de agradecimento, que, ao longo destas páginas ressoa, numa abrangente tematização, a escuta, a hospitalidade e a capacidade reflexiva de que João Maria André sempre nos deu entusiasmante testemunho.
Data
11 - 27, Julho 2024
Horário
14H00, 17H30
Duração
Seg. — Sex. 14h00 às 17h30 (Inauguração da exposição e apresentação do livro — 11 julho 18h30)
Faixa etária
todos os públicos
Preço
entrada livre
Local Café Teatro
Iniciativa Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Teatro Académico de Gil Vicente
Fotografias de Cândida Ferreira, Elsa Margarida Rodrigues, Isabel Calado, Joana Brites, Mafalda Pires da Silva, Paulo Abrantes, João Maria André
Poemas de João Maria André
Impressão T. Arte/ Jorge Simões
Montagem Vanda Madureira
Fotografia divulgação A flor do pensamento, de Isabel Calado