Porta 17. Chama-se Dinis.
Mora onde o rio encontra o mar. E do rio, do mar e da terra molhada, regada, abraçada, aquecida – pela chuva e pelo sol – vivia todos os dias com aquilo que corpo e alma aguentavam. Amor, sacrifício, alegria. Vida vivida. Verdadeira. Feliz.
Foi marinheiro que uma sereia quis levar para o mar profundo… não fosse a Bruxa Branca e ter-se-ia naufragado.
Sim. Naufragou… mas em noite de tempestade sagrada enquanto as mulheres rezavam na praia.
As noites e os dias esperaram no mar até que lhe chegou uma ilha. Isolada. Desconhecida. Fonte de esperança.
No morro da ilha um roseiral, do qual escolheu uma rosa como sua.
As noites e os dias esperaram até que o fogo chegou e com a chuva se esfumou.
Tudo floresceu e ele, contudo, sempre com tudo.
E náufragos de todos os lados de todo o mundo chegaram. Terra, vermelha e quente, sob um céu de água. 

Hélder Bruno editou o seu primeiro álbum de originais sob o título “A Presença, serena e terna” (2018) e o segundo álbum “Under a Water Sky” (2022). Este último trabalho conta com as participações de Maria João (jazz), Sérgio Carolino (tuba), Mafalda Camilo (voz), Marito Marques (percussão), Ana Maria Rosa (voz), O Gajo (viola campaniça), Vasco Casais (cordofones), Carlos Martins “Rato” (voz), Maria Kagan e Tünde Hadady (violinos), Rogério Monteiro (viola d’arco), Feodor Kolpashnikov (violoncelo), Miguel Falcão (contrabaixo).