a capacidade robótica de voar sobre a audiência contrasta com a capacidade humana de beijar, dilatando e esbatendo as fronteiras de ação de cada organismo
O interesse da dupla Jonas & Lander (Jonas Lopes e Lander Patrick) pela robótica, enquanto elemento performativo, vem de trás, mas nunca deixa de causar estranheza. Em “Lento e Largo”, os robôs que dançam são um dos elementos que contribuem para o que chamam de “poética da alucinação”. Inspirados pelo surrealismo, reclamam a ficção como espaço que desafia a racionalidade. Com um ambiente cénico baseado e influenciado pelo trabalho de Hieronymous Bosch, Jonas & Lander inscrevem performers robóticos e humanos para criar um apocalipse visual. Numa paisagem irreal, ambas as entidades irão socializar, dançar, beijar, ordenar e obedecer, de igual para igual. São explorados os limites de virtuosismo performativo, mais ou menos subtil, de cada performer. A capacidade robótica de voar sobre a audiência contrasta com a capacidade humana de beijar, dilatando e esbatendo as fronteiras de ação de cada organismo. Estes robôs irão dar músculo a um universo absurdo, vestindo e expondo materiais orgânicos como peles, escamas ou chifres inspirados na taxidermia pária de Enrique Gomez de Molina. “Lento e Largo” é uma qualidade específica da música clássica que descreve um determinado andamento e atmosfera inundados pela melancolia. A amplitude desta atmosfera influencia as ações e coreografias que podem transbordar do palco até aos limites da sala.
Jonas&Lander têm contribuído para o imaginário um do outro desde 2011, experienciando paradigmas contrastantes em experiências de âmbito pessoal e profissional. “Cascas d’OvO” (2013) revela a sua inscrição como profissionais da área artística, construída nos jardins públicos de Lisboa e Guimarães, com cães e pardais como audiência forçada, que os levou a reconhecer o poder de comunicação dos seus corpos. Literalmente e metaforicamente, começaram a andar de olhos vendados percorrendo vários teatros europeus e da América do Sul, tendo sido ainda selecionados para o Aerowaves Priority Company (2014). Das suas obras seguintes destacam-se “Matilda Carlota” (2014), “Arrastão” (2015) e “Adorabilis” (2017), esta última criação integrando novamente a seleção para o Aerowaves Priority Company de 2017. Ainda nesse ano são, selecionados para Programa de Convite à Criação Artística Nacional da Rede 5 Sentidos com o projeto “Lento e Largo”, estreado em fevereiro deste ano, em coprodução com a Rede 5 Sentidos, o Theater Freiburg (DE) e o Teatro do Bairro Alto.
Organizado pelo Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) e Câmara Municipal de Coimbra/Convento São Francisco, o Festival teve em 2016 a sua primeira edição conjunta. Esta iniciativa parte de um interesse comum pela dança contemporânea, reconhecendo o lugar central que esta ocupa na renovação da linguagem das artes performativas nas últimas décadas. O festival pretende dar conta do panorama criativo da dança nacional e internacional, além de promover atividades pedagógicas direcionadas para públicos escolares. Nesta edição, o Festival Abril Dança dá mais um passo no sentido de se constituir como uma iniciativa de âmbito regional e nacional, mais aberta e plural na forma e nas linguagens de criação, propondo espetáculos de dança em vários registos, a exibição de filmes, documentários, workshops e conversas com os artistas.
Data
21, Março 2019
Horário
21H30
Duração
1h00
Faixa etária
M/6
Preço
€7
€5 < 25, estudante, > 65, comunidade UC, grupo ≥ 10, desempregado, parcerias
Local Auditório TAGV
Direção artística, coreografia, interpretação Jonas Lopes, Lander Patrick
Interpretação Lewis Seivwright, Mathilde Bonicel, Ana Vaz
Cenografia, adereços Rita Torrão
Cenografia, desenho de luz, direção técnica Rui Daniel
Assistência técnica e à robótica Joana Mário, Filipe Metelo
Make Up Filipa Vieira da Silva
Gestão, produção Patrícia Soares
Difusão Nacional Produção d’Fusão
Difusão Internacional Ingrida Gerbutaviciute
Produção Sinistra Associação Cultural
Coprodução Rede 5 Sentidos (Centro Cultural Vila Flor, Centro de Artes de Ovar, O Espaço do Tempo, Teatro Académico de Gil Vicente, Teatro Micaelense, Teatro Municipal da Guarda, Teatro Municipal do Porto – Rivoli, Teatro Nacional São João, Teatro Virgínia, Teatro Viriato), Teatro Freiburg (DE), Teatro do Bairro Alto
Apoio a residências artísticas Rede 5 Sentidos, Arts Printing House, Estúdios Victor Cordon, Fabrik Potsdam, Município de Montemor-o-Novo
Apoio Polo das Gaivotas/Câmara Municipal de Lisboa
Agradecimento CINEL, Município do Cartaxo, Joana Lino, Município de Ílhavo – 23 Milhas, Município de Montemor-o-Novo
Projeto inserido no Programa de Convite à Criação Artística Nacional da Rede 5 Sentidos Projeto apoiado pela República Portuguesa – Cultura/Direção-Geral das Artes
Espetáculo integrado no Festival Abril Dança em Coimbra/Programa Warm Up e 21.ª Semana Cultural da Universidade de Coimbra
Coprodução Festival Abril Dança em Coimbra TAGV, Câmara Municipal de Coimbra/Convento São Francisco