venho para me confessar, senhor Padre, porque pequei. – Que pecados haveis cometido, minha filha? – Nem sei
No coro de um colégio católico para raparigas, a voz de Célia não deverá ser ouvida. Mas a sua aceitação muda das doutrinas conservadoras de um ambiente absolutamente desprovido de cor e individualidade é abalada pela chegada de uma nova colega, Brisa. Encontrando-se no limiar da adolescência, Célia descobre uma sede de viver em toda a sua glória multifacetada. Rapidamente se desenvolve um laço entre as duas raparigas, e juntas mobilizam-se contra as figuras de autoridade e as suas normas. Através de pequenos atos de rebelião, Célia encontra a coragem para expressar a sua desconfiança crescente no sistema de valores que governa o mundo em que se insere na Espanha da década de 1990, à medida que começam a surgir questões acerca da sua própria família – um tópico sobre o qual a sua mãe sempre se manteve em silêncio.
A ideia para “Raparigas” surgiu de um manual escolar religioso de Pilar Palomero, aquando dos seus tempos num colégio conservador. A sua incredulidade quanto às matérias de ensino, em 1992, suscitou o interesse em contar uma história com laivos biográficos. Protagonizado por um conjunto de jovens atrizes – Andrea Fandos, Natalia de Molina, Zoé Arnao e Julia Sierra – a ação do filme é minimalista, focando-se em Celia, que se encontra no limiar da adolescência, e descobre uma sede de viver em toda a sua glória multifacetada. Depois da chegada de uma nova rapariga – Brisa – a sua aceitação das doutrinas conservadoras, associadas a um ambiente absolutamente desprovido de cor e individualidade, muda. Enquanto, no grande ecrã, Celia e Brisa se mobilizam contra as figuras de autoridade e as suas estritas normas, atrás das câmaras o filme foi feito essencialmente por uma equipa de mulheres.
Com dificuldades em acompanhar o anúncio da modernidade, é através de pequenos atos de rebelião que Celia e Brisa descobrem a adolescência. Tendo os Jogos Olímpicos de Barcelona e a Exposição Universal de Sevilha como pano de fundo, “Raparigas” é um drama que aborda conflitos no seio da família e as pressões sociais de uma era ultrapassada, fruto dos anos mais negros do Franquismo. Palomero, cuja estreia foi auspiciosa e lhe valeu quatro prémios Goya (nas categorias de Melhor Realização, Melhor Argumento Original, Melhor Fotografia e Melhor Filme) admite que o filme “é uma reflexão digna de ser partilhada”. Afinal de contas, “até que ponto este tipo de educação segue o rasto da que foi dada aos nossos pais”?
Nascida em Saragoça, Espanha, Pilar Palomero (realizadora) formou-se em filologia hispânica na universidade da sua cidade natal, tendo depois trabalhado durante vários anos como argumentista e professora As suas curtas-metragens foram exibidas em inúmeros festivais internacionais. Las Niñas, filme que escreveu e realizou, é a sua primeira longa-metragem.
Data
21, Junho 2021
Horário
19H00
Duração
1h37
Faixa etária
M12
Preço
€5
€3,5 < 25, estudante, > 65, comunidade UC, rede alumni UC, grupo ≥ 10, desempregado, profissional do espetáculo, parcerias
Bilheteira TAGV 1 hora antes dos espetáculos e 30 minutos antes das sessões de cinema. Encerra 30 minutos após o seu início
Local auditório TAGV
Com Andrea Fandos, Natalia de Molina, Zoé Arnao, Julia Sierra
Origem Espanha, 2020
Prémios Goya Melhor Realização, Melhor Argumento Original, Melhor Fotografia, Melhor Filme
Festival de Berlim Generation Kplus
Festival de San Sebastián Prémio Dunia Ayaso
Festival de Málaga Biznaga de Ouro para Melhor Filme Espanhol, Biznaga de Prata para Melhor Fotografia, Prémio Feroz Puerta Oscura para Melhor Filme
Prémios José María Forqué Melhor Filme