João Paulo Janicas é professor, atualmente a lecionar Filosofia, Psicologia e Expressão Dramática, e a coordenar a equipa do projeto cultural. Tem orientado clubes, cursos e oficinas de expressão dramática e de teatro para jovens, professores e outros profissionais. É, desde 19985, ator e encenador na Cooperativa Bonifrates, onde coordenou também o grupo júnior.

“As Virgens Loucas” é uma história de mulheres. A novela de António Aurélio Gonçalves reinterpreta, no contexto cabo-verdiano, a parábola bíblica das Dez Virgens. Fá-lo ironicamente, colocando como protagonistas três prostitutas do Mindelo, Betinha, Domingas e Nuna. Ao cair da noite, elas dão-se conta de que o seu candeeiro está vazio e saem à procura de petróleo, à procura de luz. Percorrem as ruelas escuras da cidade. Nhô Léla recusa-se a vender-lhes o resto do petróleo que tem na sua loja. Enxota-as. Betinha espia a casa de uma vizinha, consumida pelo desejo de entrar. Ela e as amigas aspirariam viver como mulheres respeitáveis. Imitar a cena pequeno-burguesa e colonial que o conforto daquela casa iluminada simboliza. É essa a sua loucura.  A sua louca transgressão continuará frustrada. Mas quando as três mulheres regressam ao quarto, é ainda o desejo de uma luz própria que declaram.